catracou

não entro mais na padaria pane d’itaim, próxima à minha atual moradia (na vila nova conceição, são paulo). o motivo: colocaram catracas na porta de entrada.

um motivo secundário seria a quantidade grotesca de televisores instalados: 6, com 3 canais diferentes, duplicados (três por ambiente – balcão e mesas).

quando sou convidado a um café na villa grano, passo por catracas, é certo: mas elas já estavam lá antes de eu frequentar o estabelecimento. passo as catracas da villa grano antes como por um mal necessário. as catracas da pane d’itaim se me apresentam como uma tecnologia em pról do embrutecimento dos sentidos.


postado em 7 de março de 2012, categoria Uncategorized : , , ,

Agradecimentos

Mote: a Francis Bacon, mas não a Francis Bacon.

Procedimento: gostaria também de muito agradecer a: (preencha aqui seu nome, se achar ser mercedor de).

Confirmação de débito: à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo apoio (24 meses de bolsa, cerca de R$ 1300 o mês), à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), pelo apoio (bolsa 2008/08632-8, referente ao projeto temárico MOBILE, sua viabilização e formação do grupo em torno dele), à minha família (em especial Naoko e José Maria), pelo apoio (possibilitação de cursar o mestrado, apoio financeiro superior ao da CAPES, outros apoios de outros tipos).

Corolário: para as dezessete pessoas que amo de todo o coração. Sem elas nada disso seria possível, ou ao menos concebível (elas sabem quem são).


postado em 6 de março de 2012, categoria Uncategorized : ,

homonimogenia

há uma canção do pixies (space (i believe in), faixa 10 do disco trompe le monde, 4 a d, 1991) que diz: “jefrey com um f jeffery / jefrey com um f um f”, sendo jefrey e jeffery dois nomes ou ainda: duas ortografias diferentes para o mesmo nome.

(tríptico 3, 1944, versão 2)

“o intelecto humano, mercê de suas peculiares propriedades, facilmente supõe maior ordem e regularidade nas coisas que de fato nelas se encontram. desse modo, como na natureza existem muitas coisas singulares e cheias de disparidades, aquele imagina paralelismos, correspondências e relações que não existem. daí a suposição de que no céu todos os corpos devem mover-se em círculos perfeitos, rejeitando por completo linhas espirais e sinuosas, a não ser em nome. daí, do mesmo modo, a introdução do elemento fogo com sua órbita, para constituir a quaderna com os outros três elementos que os senti­dos apreendem. também de forma arbitrária se estabelece, para os chamados elementos, que o aumento respectivo de sua rarefação se processa em proporção de um para dez, e outras fantasias da mesma ordem. Ee esse engano prevalece não apenas para elaboração de teo­rias como também para as noções mais simples.”

(novum organum, aforismos sobre a interpretação da natureza, livro 1, XLVIII, trad. de josé aluysio reis de andrade, [1620])


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facebook #1

nesses dias em que escrevo e leio, e vira e mexe bisbilhoto no facebook, por falta de meditação, digo: que o facebook tende a amplificar, no pior sentido possível, a tendência intelectual – a que me leva a opinar sobre tudo.

que isso possa ser de algum modo positivo, tenho sérias dúvidas, ou melhor dizendo: mantenho-me céptico.


postado em 21 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : ,

carnaval #3

neste dia 22 de fevereiro de 2012, 13h: avenida faria lima eu te odeio no.1. saída do metrô faria lima, com caminhada pela faria lima até a avenida juscelino kubischeck. durante a caminhada, deveremos produzir sons eletrônicos de baixa intensidade. quem quiser ir apareça. quem quiser combinar algo comigo ou com aquiles, nos escreva (ou comente essa postagem).

idéia e cartaz por aquiles guimarães, baseada em idéia de henrique iwao. recartaz por henrique iwao, a partir de cartaz de aquiles guimarães.


postado em 20 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

corolário: crítica a herberto helder

a pena seja de fato mais potente que a espada. segue então que ela deva ser mais perigosa. herberto helder escreve, diversas vezes, em photomaton & vox da vocação destrutiva e assassínea da poesia. “assassinar o mundo”. ora, se esse fosse o caso, 


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contraponto

sobre o contraponto, ludwig wittgenstein escreve (cultura e valor. lisboa: edições 70, 2000 [anotação datada de 1941]):

“o contraponto pode ser um problema extraordinariamente difícil para um compositor; nomeadamente, o problema: que atitude deverei adoptar, dadas as minhas inclinações, relativamente ao contraponto? ele pode ter descoberto uma atitude convencionalmente aceitável e, contudo, sentir ainda que esta não é, propriamente a sua. que não é claro o que o contraponto devia para ele significar. (estava a pensar, a esse respeito, em schubert; no facto de ele querer ter lições de contraponto já perto do fim da sua vida. penso que a sua intenção pode ter sido, não tanto aprender apenas mais um contraponto, mas determinar as suas relações com ele.)”

brahms, que tomou como modelo muito do que beethoven edificou, o fez tendo em mente seus últimos trabalhos. mas, enquanto no contraponto do beethoven final há um sentido de conflito, de destino (resgate, inadequação, futuro), em brahms as coisas soam mais resolvidas, atenuadas. o excesso da quarta sinfonia pode ser tomado como um excesso do contraponto, mas o uso em si não é um uso desbravador. foi preciso o quarto movimento, para resgatar esse sentido, patente no final da nona sinfonia de beethoven, uma mistura de arcaísmo, destinação e .


postado em 19 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

carnaval #2

ficar algum tempo deliberadamente sem travar contato com algo é uma estratégia que tenho em alta estima. um ano sem comer chocolate (que eu então adorava), me fez perceber o quanto aquilo era ruim (não só para a saúde: o gosto, a mistura terrível de cacau, açucar e gordura).

alguns anos sem a nona de beethoven, e posso voltar a ouvi-la com lágrimas nos olhos (exceto o terceiro movimento: os movimentos lentos de beethoven são uma perda de tempo, esquemáticos e sem o lirismo contido do barroco, nem o arroubo dos românticos).


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carnaval #1

carnaval: tem isso no brasil, é? eu acho que não. não que eu saiba. eu nunca vi.

samba: não sei o que é. nego conhecer. coisa de bárbaros ou gringos. não é da minha terra.


postado em 18 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , ,

paradigma

até tenho simpatia por thomas kuhn, aquele epistemólogo da estrutura das revoluções científicas, mas – nesse livro ao menos- como é ingênuo! e como é fácil recair num megalomanismo das grandes categorias (minhas últimas leituras me fazem acreditar que basta uma dosinha de hegelianismo, ou nem isso).

que a periodização seja uma necessidade, isso tudo bem, vá lá, mas o ar de superstrutura da formulação do paradigma (já não basta o capitalismo!)

[ver cr®itica de feyerabend]


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