two lessons by karkowski
the golden rule: if it’s not red, raise it.
apocryphal: there is no headroom.
postado em 18 de fevereiro de 2017, categoria aforismos : apócrifo, golden rule, headroom, mixagem, noise, overload, zbigniew karkowski
the golden rule: if it’s not red, raise it.
apocryphal: there is no headroom.
às vezes, ao ser confrontado com a burrice e estupidez humana, tento diminuir minha irritação pensando: são apenas animais, os humanos.
mas se um cachorro, na rua, corre em minha direção e morde minha perna, ou faz cocô bem na entrada de minha casa, por acaso não me irrito?
(pense em um gato em cima de uma árvore, em pânico)
1. não há nada que tenha sido feito que um japonês não tenha copiado (bem) errado.
2. não há nada que tenha sido dito que um japonês não tenha entendido (bem) errado.
***
bônus: “a criatividade é um mito. torne-se um mestre da imitação.”
1. cada macaco no seu galho / cada um no seu quadrado.
2. os incomodados que se retirem.
como não nos percebemos aprendendo e como para nós saber é sempre uma aposta a se verificar, estudar é conviver com as trevas, é se alimentar das trevas, é acreditar na incerteza da escuridão.
ao caminhar pelas ruelas mal iluminadas da cidade do conhecimento entrevemos aqui e ali janelas em que lâmpadas estão acesas e os habitantes no conforto. mas preferimos o sereno. alimentamos, com a esperança da alegria, a angústia do tatear de quem se recompõe, após um tropeço.
1. 幻想
profundidade é o nome da ilusão originada no apego
2. 漆黒の闇
o cósmico é grande indiferença e escuridão
[アザトース]
3. 有意義
a noite animal que ronda o dia não deve tapar o sol
(importância da explicitação)
4. 幸せと興奮
a felicidade se compra com uma garrafa de vinho, já a tristeza não
[の反対は退屈なのです]
o fato do ser humano dominar a linguagem e ter erigido um conjunto técnico vasto é tanto prova de sua inteligência superior quanto de sua burrice suprema. douglas adams expressou essa antinomia magistralmente em sua obra prima o guia dos mochileiros da galáxia, com a máxima: “adeus e obrigado pelos peixes“.
1. faz uns 20 anos que torço contra a seleção brasileira. faz parte do que considero “patriotismo”. mas já desde 2006 não vejo futebol, o que é como não gostar de chocolate, não ter celular, evitar dirigir e nunca ter fumado maconha: “um outro mundo é possível”.
2. a vantagem da literatura é poder transformar desentendimentos em textos, ficar pensando se publica ou não, por não querer ampliar a possibilidade de piorar a situação, decidir publicar e dependendo do resultado, responder: mas é tão bom como crônica! e se isso causar irritação, repetir um mantra do tipo “eu não sou cordial, eu não sou cordial”, na esperança de que exista um espaço racional de expressão da irritação no mundo.
3. na internet, falam de catedral. como vivo esbarrando em mundos pequenos, pequeninos, vou mencionar aqui a possibilidade de uma cena virar uma panelinha; já de um lado mais institucional, paróquias.
4. mais um mantra: “o homem que está tranquilo com sua solidão é rei do mundo.”
5. alguém perguntou: “o que é melhor que sexo?” ora, quando estou com fome, comer; quando estou com sono, dormir; quando estou concentrado, trabalhar; quando estou artístico, fazer música; quando estou sóbrio, ler.
6. num cartão não muito grande, há a instrução: “escreva aqui todas as palavras que você sabe.”
7. na verdade, anos e anos reclamando de concertos de peças de 8 minutos, percebo que as mostras coletivas de artes plásticas são exatamente o mesmo. como é bom ver uma galeria reservada a apenas uma pessoa/grupo artístico – como a coisa ganha sentido! é como ouvir um álbum inteiro.
8. esses dias lembrei, sem motivo, da frase do silverchair, música slave: “the only book i wrote is how to loose”. e comparei com a do bonde da stronda: “manual da stronda é meu livro de berço, única coisa que eu leio e nunca me esqueço”. na adolescência, marginais vs playboys. gostaria de pensar que o “e” do “e nunca me esqueço” não atrapalha a exclusividade do “único livro que eles lêem”.
9. em 1983, ano em que eu nascia, cronenberg lançava videodrome. outros filmes que eu gosto muito em que a tv figura de modo bizarro são funky forest, do ishii, e ringu, de nakata. nunca li simulacros e simulação de jean baudrillard. uma vez eu e mário tivemos de carregar algumas tvs de tubo para uma performance de azul no centro cultural da juventude, em são paulo. uma delas pesava quase 60 kilos.
se a filosofia é a arte conceitual cujo material é o pensamento (rosi braidotti falando sobre françois laruelle), então a política é a arte conceitual cujo material é o poder. nisso, a essência do poder continua sendo a estética, de toda forma (o que não tem, ao que parece, relação direta nenhuma nem com o belo nem com o bom).
quando alguém diz que não sabe nada é evidente que isso é, em termos literais, falso. é muito difícil não saber nada. verdadeiramente não saber nada exige muito esforço. sempre se sabe alguma coisa. e dessa coisa pode-se puxar outra, e depois outra e então triangular com quase qualquer outra outra coisa e assim por diante. de modo que dizer eu não sei nada, por ser demasiado duvidoso, tem apenas uma função, que é a de fechar a porta para aquele conhecimento/área de atuação (e veja, imagino uma porta cuja maçaneta do lado de cá não gira). mas quando eu discuto isso com alunos em geral, sempre pergunto: não podemos deixar a porta entreaberta, ou só encostada, de modo que, se algum dia quisermos adentrar a sala, com um puxão ou um chute na lateral podemos já passar pro outro lado?