anime #1

elfen lied (2004): não é preciso ver a série, boba e arrastada, para saborear as estranhas mortes. o contraste entre bobageira pré-adolescente, de diálogos simples e roteiro  de novelinha, e assassinatos violentos, é o que há de interessante. mas as mortes se concentram em poucos momentos, e há um momento na série em que as pessoas param de morrer (um dos erros clássicos). de modo que o importante é “nunca deixar a bandeja com o café cair”(*).

deadman wonderland (2011): dadas as premissas (sangue como arma, experimentos com assassinos descontrolados, prisão jogos mortais, situações cômicas, ingenuidade excessiva dos personagens), é possível que o mangá seja divertido. mas a série, que começa bem, tem cenas de luta absolutamente decepcionantes e a partir de certo ponto, simplesmente enrola até o final (uma estratégia comum – dilatar o tempo em volta de um momento decisivo). mas o final, em si, não é decisivo, é como um terminar pela metade. a única vantagem disso é a cena de fechamento, a canção do picapau: afirmação da idiotia do herói idiota e da ingenuidade do monstro ingênuo. isso tudo envolto a um dos grandes clichês: a persistência do amor de juventude (o qual nem gits escapa, na série do “indivíduo 11”). tal como elfen lied, o primeiro episódio é de longe o melhor.

full metal alchemist brotherhood (2010): a série é cativante, na mobilização de diversos personagens interessantes, e história bem contada e lutas equilibradas (entre agilidade e peso emocional). como é um clássico amado por tantos, exponho aqui apenas minhas reclamações, para contrariar:

1) há um momento na série em que as pessoas param de morrer. para quem lembra do peso do episódio 10, é de se perguntar porque de repente você tem a sensação de que está “seguro”, que nenhum personagem importante vai morrer, depois de certo ponto. ademais, a tristeza corporificada por nina a quimera (episódio 4) não é nem de perto alcançada, e nem almejada, durante a série inteira, como se um episódio fosse suficiente, em uma série de 64.

2) os últimos episódios dilatam a última sequência de eventos de modo inteiramente desproporcional com o resto da série, além de que, como efeito colateral, geram momentos de enrolação (geram a suspeita de que “já que vimos até aqui, necessariamente veremos até o final”, tão comum hoje em dia em filmes “final parte 2” de hollywood, todos ruins e arrastados).

3) os combates não são tão consistentes quanto poderiam em termos de resultados e eficiência dos combatentes. existem reviravoltas improváveis e desnecessárias, resoluções de lutas “porque a roteirista quis”.

4) a cena família feliz ao final. sempre detestável, vide harry potter etc etc.


postado em 11 de novembro de 2016, categoria resenhas : , , ,