bodas


“…na curiosa hipótese dos dois supracitados terem nascido em épocas remotas e num mesmo vilarejo inóspito, e terem casado, na tenra infância, no dia de seus aniversários – um, por exemplo, iwao, aos seis anos, e o outro, nunzio, aos sete anos – com as duas belas filhas de antónio perròs, quais sejam, rosalinda e marguerida (só para constar, quando do casamento, ambas com 23 anos), quando atingissem a idade que completarão no presente mês, comemorariam, respectivamente, em conjunção com suas esposas, bodas de cretone (nome dado em homenagem ao falecido habitante de vimoutiers, paul creton) ou água marinha (discussões acirradas permanecem até a data hodierna acerca de qual o termo mais adequado), e bodas de turquesa. ainda mais instigante seria a eventualidade de um deles separar-se de sua hipotética esposa – digamos, nunzio, depois de completas as bodas de erva, do vigésimo nono aniversário matrimonial – e casar-se novamente com uma bela jovem de dezessete anos conhecida por hortência, enquanto o outro – ressaltemos, iwao – continuar com sua esposa ainda por longas décadas e, depois de celebrar nada menos do que onze bodas nomeadas em referência a itens alimentícios, ter a ocasião de dizer facécias a seu parceiro trabalhista ao entreter-se com suas octagésimas sextas bodas – as bodas de hortênsia. não podemos nem ao menos imaginar quanto mais cogitar um casal que em plena saúde físca e mental pudesse festejar dando pulinhos ao redor de um portentoso jequitibá o centenário de união matrimonial.”


postado em 13 de março de 2008, categoria prosa / poesia
  1. flavia p.coelho disse às 3:14 em 18 de junho de 2008:

    de quem essa pintura?