condensação

“durante todo esse tempo eu estive intranquilo. mas a intranquilidade na calma é como o prenúncio da morte: todos vamos morrer algum dia. e se não há um evento mais drástico, o que é essa intranquilidade senão um adiar e um esperar, sem propósito?”

gostaria de lembrar de onde vem essas palavras, de cortazar ou borges, ou mais remotamente de kafka, autores lidos faz tempo. o fato é que a sombra das palavras tem me rondado, e mais que isso: o sentido vago de algo que fica entre o esquecimento e a lembrança: um vapor do pensamento.

nessa dúvida, minhas palavras – delas irrompem palavras de outros, como um sotaque espanhol imaginado. dos espaços entre elas, vazios se fazem significativos, prenhes de ausências (do quê?), que irrompem ou que se escondem, correndo de um lado ao outro.

por isso a dúvida sobre se colocar ou não aspas no primeiro parágrafo; por isso preciso voltar, terminar o texto; por isso continuarei intranquilo.


postado em 29 de maio de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,