neoliberalismo

sempre corrijo mentalmente as palavras democracia por “oligarquia consultiva” e neoliberalismo por “oligarquismo estatal-econômico”, quando se referem à realidade brasileira. jacques rancière tem um bom livro, defendendo usos melhores para a palavra democracia (ódio à democracia, boi tempo, 2014). em inventing the future: postcapitalism and a world without work (inventando o futuro: pós-capitalismo e um mundo sem trabalho, verso books, 2016), nick srnicek e alex williams, fornecem uma boa definição, mais geral, para o neoliberalismo (tradução minha, p.53):

Enquanto liberais clássicos advogavam respeito por uma esfera naturalizada supostamente fora do controle estatal (as leis naturais do homem e do mercado), neoliberais entendiam que os mercados não são ‘naturais’. Mercados não emergem espontaneamente assim que o estado se afasta; ao invés, eles precisam ser conscientemente construídos, às vezes de baixo para cima. Por exemplo, não há um mercado natural para os bens comuns (água, ar fresco, terreno), ou para assistência médica, ou para educação. Esses e outros mercados precisam ser construídos através de um conjunto elaborado de constructos materiais, técnicos e legais. Mercados de carbono requereram anos para serem construídos; mercados de volatilidade existem em larga parte em função de modelos financeiros abstratos; até mesmo os mercados mais básicos requerem desenhos intrincados. Portanto, sob o neoliberalismo, o estado assume o papel significativo de criar mercados ‘naturais’. O estado também tem um papel importante de sustentar esses mercados – o neoliberalismo demanda que o estado defenda os direitos de propriedade, faça cumprir os contratos, imponha leis antitruste, reprima o dissenso social e mantenha a estabilidade dos preços a todo custo.


postado em 5 de abril de 2017, categoria citações, tradução : , , , , , ,

constituição

meireles diz “ou mudamos a constituição ou não resolveremos a dívida da união”. lembro do meu projeto abandonado constituição honesta, que começava por rescrever a constituição nas áreas de comunicação (tv e rádio principalmente) e depois de moradia. pois não é certo que nossas concessões sigam a indicação de preferência para atividades educativas, culturais, artísticas e informativas, produções independentes e valorizem acima do nacional o regional; tampouco que as pessoas que queiram morar consigam. e lá nem constam as palavras chave: conglomerados, concentração de renda, desinformação, oligarquia, despejo, gentrificação…

ps: esse é meu post 666.

ps2: notem que 2016/6 = 336 e 2+4=6/6/inv(2+1+6)=6 (hoje é 24 de junho).


postado em 24 de junho de 2016, categoria comentários, obras : , , , , ,

distopia oitentista

como chegar ao mundo desregulamentado das distopias cyperpunks se o capitalismo contemporâneo é justamente aquele do estado oligárquico: nunca se recusou tanto a mistura do público e do privado ao mesmo tempo que nunca se hibridizou tanto o dinheiro público e o privado, no sentido de um aumento das diferenças de renda cada vez maior, garantido pelos estados e sua “política”. de modo que o futuro oitentista parece-nos até mesmo desejável (e há anarco-capitalistas que acham que o sinal negativo nele contido poderia muito bem simplesmente multiplicado por “menos um”).

 


postado em 18 de abril de 2016, categoria comentários : , , , , ,