músico pobre tecnocracia

1. tem apenas um ítem de cada, daqueles que precisa para trabalhar. se eles falham, para.

2. como ter ítens dobrados é um luxo que não pode permitir-se, tem três opções, para lidar com suas economias: i. guardar dinheiro para readiquirir ítens que quebram e consertar os que falham; ii. adiquirir novos ítens que possam eventualmente transformar-se em ítens essenciais; iii. comprar ítens não-essenciais que possam melhorar um pouco seu trabalho.

3. tem medo de ser roubado, o que poderia favorecer a opção i. entretanto, o tempo urge, e se sua música é também lustrosa, sua exigência por melhorias de equipamento e anexos é maior. deixar o parco dinheiro guardado vs investir: esperança é o que há sempre, e quem sabe um trabalho mais lustrado leve a um maior ganho, e a possibilidade de, com ii. e iii., ainda garantir i.

4. tem amigos na mesma situação. a irmandade lhe dá alguma segurança. emprestar e pegar emprestado.


postado em 16 de junho de 2013, categoria aforismos : , , , ,

equanimidade 2

dada uma certa atividade, não se deve ter a expectativa de que um ser humano seja mais capaz de lidar com as consequências da sua execução, do que dada qualquer outra atividade. um militar, tanto quanto um músico, lida igualmente mal com as consequências

das ações tomadas em pról da suas atividades. o princípio da equanimidade também abarca 

se um militar, ao perceber-se surpreendido por aviões japoneses em pearl harbor, se expôe ao fogo, sofrendo queimaduras de segundo e terceiro grau em várias partes de seu corpo, tem com isso, sua dose de danos colaterais, blasfemará, com a mesma intensidade ao qual fará um músico que, tendo treinado sua escuta à exaustão, se vê morando em belém, entre dois prédios, dos quais


postado em 6 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

equanimidade 1

não se pode esperar mais competência de um médico do que de um músico, em termos gerais. o ser humano, quando executa qualquer atividade, está propenso a cometer equívocos, e o princípio da equanimidade postula exatamente isso. 

é por isso que acreditar que médicos cometem menos erros que músicos é um engano, embora tal engano não seja fortuito: prezamos por uma vida tranquila; é preciso ter confiança de que as coisas vão dar certo.

se, por exemplo, um médico se distrai, e por sofrer de ambilevidade, esquece que deveria amputar a perna com a fita vermelha, e não o contrário, o paciente irá olhar feio para ele, mas não do mesmo modo que um ouvinte faria para um músico que, ao estragar a mais bela melodia, com um guincho involuntário, logo depois finge que nada aconteceu (no segundo caso, as mãos do ouvinte iriam às orelhas).


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édipo de novo, mas outro

não pude colocar essa bela citação de lyotard na outra postagem: de um mesmo ponto de partida, os múltiplos caminhos ora entrecruzam-se, ora não, aparentam incompatíveis. e o quão estou longe desse bem aventurado vagar em colono.

“ao contrário, após descobrir que matou o pai e desposou a mãe, o músico experimental ‘moderno’ começa a caminhar sem tentar concluir e resolver suas experiências. ele esforça-se mais por alcançar uma vacância tal que ele possa se manter aberto para a vinda dos acontecimentos sonoros.”

(peregrinações. são paulo: estação libertade, 2000, p. 45)

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e duas visões do trágico: sócrates e o estrogonofe; burroughs e a maçã. no segundo casa há o episódio em colono, no primeiro, apenas o destino. 

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e recomendo o livro: “hölderlin e sófocles; observações sobre édipo e observações sobre antígona”, de friedrich hölderlin e jean beaufret. rio de janeiro: jorge zahar editor, 2008.

 

 


postado em 2 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , , , , , , ,