*** Arquivos gráficos, para impressão e divulgação, por 4e25: AQUI ***
Dia Nacional do Combate à Humanidade 2017
(O Homem É um Cão Urinando)
Mais um 02 de agosto se aproxima e em 2017 convocamos todos os correligionários a uma parada estratégica, um ato contra o excesso nauseante e tóxico do humano, um dia de esvanecimento e de não-meditação.
Sozinhos, devemos evitar todo o tipo de presença. Não sejamos vistos. Não sejamos ouvidos. Desapareceremos. Sonharemos com o silêncio, a estaticidade e a auto-anulação consciente. Praticaremos a não-escuta, a não-visão e a não-observação com vistas à utopia da não-ação.
Mesmo que individualmente, não se trata da experiência interior: por mais valiosa que seja, sua produtividade ainda é comunicativa demais, sua angústia espreme palavras e clama ocupação. E é preciso desertificar a cidade e arrancar-nos da Terra; eliminar os índices do humano, liberar os grãos de quietude – alcançar a arte do vazio e a coletividade que nadifica.
Assim, coletivamente nos organizaremos para conclamar todos a um mínimo que seja de decência. No 02 de agosto, em ambientes públicos, longe de uma privacidade que manteremos vergonhosamente como nossa parte maldita no mundo, convocamos o povo ao menos à mudez. E que desliguem seus equipamentos: aparelhos de som, celulares, televisões. Que os carros cessem de roncar e deslocar-se, agressivamente dizendo: conquistamos a velocidade.
- Onde há uma televisão ligada, há o humano a bradar “conquistamos a visualidade”.
- Onde há uma música tocando, há o humano a bramir “conquistamos a audibilidade”.
Mas A BOCA É O PIOR INIMIGO DO HOMEM.
Impomos nossa vitória ao mundo, fincando na Terra de novo e de novo nossa bandeira, como animais orgulhosos e medrosos, traiçoeiros e paranóicos. E gritamos a sete ventos “isso tudo é nosso”. Mas bradar, bramir, gritar, falar, para que isso? Não nos deixemos enganar.
A boca é a humanidade corrompendo o humano, a má coletividade da espécie se manifestando no indivíduo. O cavaleiro que nos cavalga, a boca, ao qual obedientemente trotamos para lá e para cá, pulando os mais inúteis obstáculos.
Chega. Devemos buscar outras composições. A revelação de inevitável sabedoria: não apenas nós, mas todos os seres e as existências – estaríamos melhor sem isso. E aqui e ali sente-se o desespero do cão domesticado, que agora diz “tenho um dono”, “estou em uma casa”, “estou preso”, “soltam fogos de artifício”… animais que passam também a sujar a paisagem com sua linguagem adotada. Em tempos de Antropoceno, o humano é como o cão Cérbero, com 3 cabeças e 3 falos, a latir e mijar incessantemente enquanto anda.
Quanto a isso, sejamos firmes e determinados. Arranquemos de nós nossa ocupação que nos impõe sobre tudo. Construamos uma liberdade de espaço que devolva ao entorno a lenta abertura do cosmos. Despovoar o tempo.
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Cartaz com texto em espanhol, tradução de Ivan LP: AQUI.
DNCH2017: 02 de agosto
Quando dizemos que O Homem É um Cão Urinando não estamos dizendo que o homem é um cão, mas que se cão fosse, estaria sempre a urinar. E a latir. E mais: a adotar tudo, de forma que tudo passe a cheirar urina humana; basta olhar para as nossas cidades.
É por isso que no Dia Nacional do Combate à Humanidade convocamos todos os cidadãos da nação para:
- Não abrir a boca.
- Não usar veículos automotivos.
- Desligar as TVs.
- Desligar os aparelhos de som.
- Desligar os emissores de luz como celulares e tablets.
Ainda é possível sonhar com um futuro no qual não afoguemos em um mar de mijo e em que os ambientes estejam abertos para o cosmos.
Sensibilizem os comerciários. Convençam os amigos. Avisem a família. Afrontem os inimigos. Ajudem a divulgar.
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Concepção, organização e textos, edição de vídeo: Henrique Iwao. Arte gráfica por 4e25. Imagens do video por Daniel Carneiro. Tradução para o espanhol por Ivan LP.
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