pato
lucas araújo escreveu esses dias, sobre o pato da fiesp
Confesso que acho o pato intrigante. Primeiro, é um pato infantil, um pato de banheira (de uma infância americana estilizada nos filmes, aqui dificilmente se tem banheira e pato), tem algo de inocente no pato. Mas aqui, é um pato cego e gigante, com um sorriso ausente, que diz que não pagará a si mesmo. O pato ficou gigante mas não cresceu, continua um patinho. O pato não quer se assumir, não quer crescer, quer continuar na banheira. Francamente, acho o pato meio mimado.
agora, como complemento, imaginem que as indústrias, ou outra instituição, manda fazer um pato, mas não quer pagar por ele. certo, mas ela também manda fazer o pato, e diz que não vai pagar o pato. não é um bom modelo de responsabilidade. mas é um modelo que diz, e não é “não queremos ser responsáveis” mas sim não seremos de modo algum responsáveis. assim, nada mais natural e sensato que, num mundo capitalista em que nem tudo é puro cinismo, alguém de fato ameaçar a processar essa instituição, por inadimplência.
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corolário: é curioso como o modelo do direito autoral permite, tal como o direito à terra, noções de propriedade estranhos. afinal, a quem pertence o pato? não que a fiesp esteja bradando isso em favor dos sem-teto e as invasões de prédios abandonados. a voz do ganso era mesmo um desacato.
postado em 2 de abril de 2016, categoria comentários : direitos autorais, fiesp, florentijn hofman, ganso, inadimplência, lucas araújo, pato, paulo skaf, rubber duck