dois tipos de eugenia
imagino que para os humanos, exista sempre um passado de pureza originária, que é preciso de alguma forma resgatar, isolando o que ainda resta de herança na forma de uma decadência orgulhosa, filtrando aqui e ali erros no código e elencando traços que possam tornar a ilusão da descendência visível.
enquanto que nos cachorros, a partir de uma origem selvagem, seria preciso ir selecionando os parceiros de modo a categorizar as proles e distilar os potenciais cada vez mais, separando o que, depois de domado, ainda era confuso e oferecendo através dos resultados uma destinação de pureza futura.
postado em 19 de junho de 2018, categoria comentários : cachorro, destinação, eugenia, origem, pseudo-raça, pureza
Basicamente o eugenismo “científico” que aparece no fim do século XIX é herdeiro do radicalismo biológico da antropologia e zoologia do século precedente, que por sua vez tem raízes no racismo e mitos racistas anteriores. Mas a domesticação e controle da “qualidade” racial dos animais é um modelo defendido mesmo por Darwin para tratar do problema da degeneração biológica causada pela civilização moderna. Mas não há explicitamente uma ideia de raça superior em Darwin, pelo menos que eu saiba. No entanto, as observações sobre domesticação fornece as bases para que se pense e use as técnicas de produção e controle de raças sadias em outras espécies também para a espécie humana, eliminando as “raças”degeneradas e preservando a superior: nórdica. Mas, mesmo essa ideia da domesticação dos humanos pelos humanos é bem antiga, encontra-se na base das práticas políticas e dos textos de filosofia política do ocidente. Está na República de Platão.