o lado escuro dos dados / cpu 100%

1. ouvi inteiro a peça de magno caliman (veja a descrição aqui). 
1.1 isso diz bastante sobre a esperança como característica do homem.
1.2 esperança de mudança.
1.3 como um pensamento antecipando a escuta: “daqui a um tempo, o inesperado”.
1.4 esperando o inesperado.

2. ao mesmo tempo, familiarização.
2.1 os sons recedem para um fundo, chegam a passar desapercebidos enquanto faço outras coisas.
2.2 de quando em quando, reaparecem, o timbre um pouco diferente.
2.3 acabo acostumando com eles.
2.4 acostumo com a ideia de que sempre será assim, aquele padrão, 3 horas e meia, ouvindo aquilo.
2.5 já se passaram mais de uma hora, porque não continuar?
2.6 quem sabe mude.

3. a vontade de mudança recede para um “seria bom se mudasse”.
3.1 esperando o inesperado que não virá.
3.2 é como a expressão “à espera de um milagre”, mas sem nenhuma pressa.
3.3 tranquilo, sei que as 3 horas e meia assim permanecerão.
3.4 depois disso, aí sim, virá a mudança.
3.5 como depois da vida, a morte.

***

há toda uma “cena” na internet de músicas e vídeos criados convertendo dados diversos em dados de áudio e/ou vídeo. duas outras peças foram-me indicadas por johannes kreidler: 

  1. nicolas maigret: pure data read as pure data.
  2. michael tazeko chinen: audacity gui performance.

em 2004 eu gravei minha placa de som “onboard” [interna] de meu computador pentium 3, funcionando enquanto eu fazia outras operações no computador. amplifiquei as gravações muitas vezes (mil vezes?) e ordenei as partes, em 2008, creio. o resultado pode ser baixado aqui: cpu 100%.


postado em 1 de setembro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , ,

caboclo faroeste, modo de fazer

[acima um excerto da obra, sua seção 4. a obra completa estará disponível se o projeto nmeaniversário conseguir financiamento]

3.1 coisas como “que, na, o, e” viram facilmente ruídos. o erre é por vezes não-pronunciado e difícil de pegar fora do contexto. “seu” soa como “só”, muitas vezes.

3.2 uma vez, “dentro”, sem consultar a letra, soava pra mim como “ser”. “demora” aparece sem o “d”. “que” soa “pss” quando seguido de “segredo”.

3.3 suspeito que “pro” em algumas vezes nem seja pronunciado, e os ouvintes que preenchem com a mente.

3.4 “cristo” facilmente soa como “iszo”. “chegando em casa” soa perfeito, separando as palavras, o “em” simplesmente some.

3.5 “costas” lembra “cobra”. “trazia” soa “brazil”. SEMPRE -> se. sua -> sa. rico -> hiq.

***

essa obra fará parte do cd + dvd nmeaniversário se o projeto conseguir o financiamento necessário para seu lançamento. para contribuir acesse: http://catarse.me/pt/projects/838-nmeaniversario. os bônus são justamente os produtos. peço que ajudem a divulgar.


postado em 21 de agosto de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , ,

ontem, minha mesa

ao compositor ainda é permitido um pouco de glamour, em seu ambiente de trabalho: hoje terminei a grade de this song is twice occurred, para sexteto e regente, a ser estreada em agosto, pelo abstrai ensemble, no rio de janeiro.


postado em 12 de maio de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , ,

panótico dn: guia + nota de programa

guia da peça, para servir de guia para o guitarrista estudar a peça, primeiramente ignorando as partes de pedal transpositor. o s-m fornece ritmos e notas iniciais.

nota de programa

[descrevo o começo da obra: o guitarrista toca uma sucessão de notas “sol 3” – é uma obra monofônica, superficialmente monótona; a cada nota, ele procura um modo diferente de produção do mesmo, idealmente sem gerar variações significativas: corda solta; posições alternativas; usando bend; usando a alavanca; usando um pedal transpositor; mudando a afinação da guitarra, seja mexendo na cravelha ou no microafinador; e combinações possíveis destes, incluindo glissandos cruzados. ademais, também o pedal de volume compensa ou é compensado pelas dinâmicas tocadas, produzindo, em tese, a mesma intensidade]

não posso definir “panótico” como “um ouvido que tudo ouve” sem com isso abarcar os aspectos disciplinares dessa noção: o grão do som, por um lado: a marca indelével do erro, da dificuldade, a difícil naturalização do absurdo – o corpo (da guitarra, do intérprete); por outro, a nota, em negativo, como algo que, a partir da idéia de homogeneização, permite a coleção, a combinação e a permutação, que prolifera a diferença quando a ignora (sugerindo abstrações lógicas não efetivas), mas também: o distanciamento da idéia de superação, pelo estabelecimento de um parâmetro sólido de comparação.

peça encomendada pelo ibrasotope, dedicada a mário del nunzio; livremente inspirada em: “condição da escuta: mídias e territórios sonoros”, de giuliano obici; “hamlet” de william shakespeare; “macbett”, de eugene ionesco.


postado em 9 de novembro de 2011, categoria Uncategorized : , , , , ,

panótico dn, perguntas de mário del nunzio

22 de junho de 2011

1) O que significa harmônico na casa 0 (p. ex., segunda linha da página 1)?

harmônico na casa 0 é supostamente isso mesmo, a corda solta, com a mão no comecinho, um som “meio harmônico/meio abafado”. 

2) Todas as notas são isoladas (como você havia comentado em algum momento) ou onde tem sinais de ligado isso de fato aplica-se?

as notas não são mais isoladas, deve-se seguir ligaduras. quando não há, são isoladas. 

3) O que significam as indicações de frações rítmicas (p. ex., página 3, fim da primeira linha e começo da segunda)? Em relação a que elas se aplicam (qual a unidade base)?

nesse trecho inteiro (X1) a leitura rítmica é feita com semicolcheia = 120 e as figuras devem ser seguidas (note que é um trecho onde as setinhas desaparecem…).

4) O que significa “tap” (página 3, segunda linha)?

humm, significa bater com o próprio dedo da mão que está fazendo o glissando nas cordas, de forma a produzir os ataques correspondentes aos ritmos. nesse trecho a mão direita está mexendo no micro-afinador, então a esquerda tem de dar conta das posições e dos ataques.

5) Como interpreto o ritmo das cordas soltas na página 6, primeira linha?

mais rápido possível, sempre tentando o mais rápido (não se trata de definir “um mais rápido”, mas tentar a cada momento estar no “mais rápido para aquele momento”).

6) Quando há mudanças de afinação, há diferentes figuras rítmicas; na página 7, primeira linha, há “semínimas” em vez das habituais “colcheias” e no final da página 9 há semi-colcheias. Como isso se configura ritmicamente?

do modo tradicional. é uma notação rítmica para os ataques das notas. a afinação deve decorrer no tempo previsto e com os ataques previstos. caso o guitarrista sinta necessidade, logo após, existe a possibilidade de afinar normalmente a guitarra (trechos entre parênteses subsequentes).

7) A seção de tocar com duas mãos (página 6) tem uma velocidade meta?

você deve tocar tendo como meta um andamento em que cada nota corresponda à duração da primeira nota da corda II, indicada com uma seta na partitura.

23 de junho de 2011

Ok. Bom, dentre outras, tem uma coisa que tem se mostrado bastante problemática: em situações mais extremas, o posicionamento da alavanca afeta cada corda de maneira radicalmente diferente – ou seja, por exemplo, manter alavanca 6 semitons abaixo na corda 3 é uma posição bastante diferente da corda 4 ou da corda 2 (alavanca abaixada para 6 semitons em uma corda pode significar 3 semitons em uma ou 10 semitons em outra). Se eu leio de modo prescritivo um momento que a alavanca se mantém eu “acerto” a primeira nota e “erro” as demais. se eu leio de modo descritivo eu ignoro as instruções de alavanca e procuro a nota certa. Sugestões?

nossa. não tinha pensado nisso! respondendo: sempre tente acertar a nota! (exceto nos momentos X1 e X3 em que o computador fará esse trabalho por você).

 


postado em 23 de junho de 2011, categoria Uncategorized : , ,

fene fene fenerich canta “que bonito que boniiitooo”

pequeno divertimento, programado usando a plataforma puredata. aqui um bonk~ seleciona ataques, através da mudança de valor da intensidade espectral de seu décimo primeiro componente. sigmund~ interpreta as alturas do que foi cantado, mandando os valores para dois osciladores e para um algoritmo involvendo um pitchshift~ (transposição de alturas). esse algoritmo tenta fazer com que a voz seja transposta sempre para a nota “sol”. há vários problemas ainda, momentos de erro, ataques ruins. eu não sei regular para garantir otimização.

fenerich e seu vasto repertório musico-vocal, em improvisação utilizando o programa/patch, estilo haendel, 05 de junho de 2011.


postado em 6 de junho de 2011, categoria Uncategorized : ,

pedal, panótico dn

estou sonhando que estou preocupado, estou deitado e tentando dormir, e dormir respeitando a partitura de panótico dn – parte do pedal de transposição de altura, em quatro níveis, de 0 a 3 -, certamente me fará dormir mal, seguindo as inclinações do pedal com as inclinações da cama, das posições do corpo, assim na certa vou acordar, ter dores de estômago, dormir intranquilo.


postado em 9 de maio de 2011, categoria Uncategorized : , , ,