agora sinto me finalmente incluído no universo da música experimental muderna brazuca; eu queria ser underground mas como diz o poeta “o underground será o novo upground”. então hype brazil vol. 5 vamos lá. (fora que eu acho difícil imaginar algo mais proto-hype que meu álbum-por-vir que pré-estreiou no ibrasotope dia 11 de julho)
((j-p caron mandou uma faixa do -notyesus> em que eu toco junto, sampler e sons fantasmagóricos e parados em um sintetizador, gravada de um show de 18 de junho de 2007))
para baixar seguir este elo e clicar em buy now – colocar zero ($0) no campo name yout price, preencher com seu e-mail e receber atalho de download. abaixo, minha faixa, para escuta aqui mesmo.
o colega j.-p. caron demonstrou esses dias estar preocupado com a questão dos indiscerníveis na arte conceitual e na música experimental/contemporânea. peter ablinger fornece um exemplo bastante interessante, em uma obra criada em 1999 (agradecimentos a paulo dantas que gentilmente me presenteou o portfólio de ablinger da haus um waldsee).
Ear-covering headphones with fixed microphones; microphones are connected to the headphones thrhough which you hear what the microphone picks up as it does.
As the microphone is directly connected to the headphones what you hear with headphones is the same as without. But: the same is not the same. There is a difference.
At least the difference between just being here and: listening. That difference is the piece.
(Peter Ablinger – HÖREN hören / hearing LISTENING, Haus am Waldsee / Kehrer Verlag, Berlin 2008, p.71)
“branco / esbranquiçado 36, fones de ouvido
fones de ouvido que cobrem as orelhas, equipados com microfones; microfones estão conectados aos fones de ouvido; fones de ouvido fazem escutar o que os microfones captam ao funcionarem. como os microfones estão diretamente conectados ao fone de ouvido o que se ouve é o mesmo que se ouviria sem os fones de ouvidos. mas o mesmo não é o mesmo. há uma diferença. ao menos a diferença entre apenas estar lá e de fato escutar. essa diferença é a peça.
em 26 de junho de 2013 gravei o início da manifestação que partiu do centro de belo horizonte, pela antônio carlos até a abrahão caram. um pouco como luc ferrari (presque rien), fiz cortes e economizei tempo.
prólogo: nesses dias em que há as marchas das vadias, também há acusações de estupro em ações da polícia militar durante manifestações; também há a bancada evangélica fazendo pressão contra hospitais atenderem vítimas de estupro (em virtude de sua posição contrabortista). bem, posto aqui sobre o estupro, com algumas semanas de espera. é um assunto que me incomoda um tanto, e confesso que ao final do documentário citado abaixo estava bastante consternado. mas, tal como outras coisas que passam indiscutidas, sinto que precisamos cavocar mais a ferida. quantas pessoas estupradas conhecemos? eu mesmo, conheço algumas.
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1. militares… sempre dando um jeito de estuprar durante ações estratégicas por aí… (exemplo, casos durante a pacificação do morro do alemão, pinheirinho etc.) bom, nos eua parece que uma das táticas é manter a coisa “interna”. o documentário invisible war (2012), de kirby dick parece dizer que sim. (um trecho aqui)
2. abaixo, cinismo mtvesco.
2.1 não sei como ser traída pode ser melhor que ser estuprada.
2.2 mesmo sendo uma pessoa dada, na hora do sexo é bom poder escolher os parceiros.
corolário1: pelos 41 minutos do documentário começa a haver menção de casos de estupros de homens também. // corolário 2: o sistema militar obviamente dificulta todo tipo de ação contra militares. com certas diferenças, é válido também para o brasil. veja alguns dos argumentos em http://youtu.be/QlgTo45W-Vs?t=8m40s e http://youtu.be/QlgTo45W-Vs?t=24m0s.
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3. no japão, há inúmeras animações (hentais) tematizando estupros. me parece que há um esquema preponderante, que circunda a produção: “a garota não quer fazer sexo. ela é forçada a fazer sexo. ela sofre, mas começa a gostar. ela gosta de sexo. ela nasceu pra isso”. claro que como o tema é anunciado, o que acontece é que a garota só precisa de um evento para desvelar sua verdadeira natureza, naturalmente, sexualmente selvagem. então quando uma personagem começa a sofrer, ou é drogada para gostar de sexo, o público já sabe de antemão que aquela é apenas uma etapa rumo a um maior autoconhecimento por parte da personagem.
4. há um documentário el império dos sin-sexo, de pierre caule, mostrando japoneses como parte de uma sociedade em que há cada vez uma maior separação entre sexo e relacionamentos, no sentido de supressão dos relacionamentos. uma prostituta é uma prestadora de serviços, uma boneca ou um tubo-vagina são produtos; não estão sujeitas à lógica do estupro. pode ser visto aqui.
4.1 há um artigo sensacionalista fazendo uma reflexão interessante sobre o documentário (com algumas informações equivocadas, mas que ainda assim levanta questões).
4.2 reinterpretar 3 a partir de 4.
coroloário 3: segundo uma estatística de 2010, a porcentagem de estupros registrados por cem mil habitantes no estados unidos é cerca de 25 vezes maior nesse ano, do que os do japão. obviamente, há o problema do registro: apenas uma menor parte das ocorrências é registrada; ademais, há pequenas diferenças na definição legal do que seja a ação. os dados usados são das nações unidas. o brasil consta como “não forneceu dados”.
dos trocadilhos infames presentes na obra de spears, lembro-me agora de um: “i can be your trouble baby you can be my bass” (treble – agudo, bass – grave). todas as vezes que ela fala baby nessa canção estão incluídas nos últimos segundos de minha baby. a oposição entre grave e agudo se faz ressoar nas oposições entre homem mulher, cantora produtor, britney will.i.am, problema (instabilidade) e base (ponto de apoio).
há outra frase terrível, mas cuja canção não podia ser inclusa, por falta de babyness, falando sobre o tal do threesome (trêsalgo; sexo a três): “what we do is innocent / just for fun and nothin’ meant / If you don’t like the company / let’s just do it you and me / you and me… / or three…. / or four…. / – on the floor!” (o que fazemos é inocente / só para diversão e nada demais / se você não gosta da companhia [de outro cara] / vamos fazer só eu e você / eu e você… / ou a três / ou a quatro… / no quarto!). four on the floor é jogo duro.
baby é a suposta segunda faixa de meu álbum a ser feito/lançado em breve (não digo o quão breve porque tenho enrolado há tempos para fazê-lo: baby, por exemplo, foi idealizada em 2008, rascunhada em 2009 e acabada em 2013).
No dia 02 de fevereiro, no Ibrasotope, Cristiano Rosa (Pan&Tone) ministrou uma oficina de Atari Punk Console. Eu não estava participando, apenas aqui e ali tirando umas fotos e filmando um pouquinho; tinha feito café, disponibilizado água, tomadas e torradinhas – com queijo branco -, para quem quisesse.
Nesse mesmo dia meus pais e minha irmã viajaram para Brasília, para o enterro do querido Reynaldo Jardim. Após rememorar o encontro com meu tio-avô e pensar sobre o que seria a “jovialidade” – o que será assunto para uma outra postagem (preciso pegar meus livros em Campinas) -, desci até a oficina. Cristiano me deu uma de suas placas de circuito; minha reação foi colá-la na parede, com resina epóxi. Fui então provocado a soldar os componentes na placa, lutando contra a gravidade para acertar o estanho nos devidos lugares. O resultado foi então adequado às minhas idéias (em conjunção com concepções de Marcelo Muniz) sobre o que seria uma estética do tosco, além de prestar uma singela homenagem a Rey, dono de um espírito inventivo fabuloso.
Fenerich me ajudou a manipular a luz nesse exemplo abaixo.
Na verdade ele ficou tão entusiasmado, que resolvi propor que esse pedaço de parede fosse coberta por pequenas obras. Ainda contagiados e em um acesso de alegria incontida e paspalhonice, procuramos um meio para cobrir a jarra de água antes de colocá-la na geladeira, com o intuito de evitar aquele gosto de água guardada, no dia seguinte.
Isso foi feito em três etapas, utilizando uma xícara.
postado em 4 de fevereiro de 2011, categoria música
Resolvi tentar improvisar usando a luz como elemento musical, além dos meus habituais objetos (como pentes, grampeador, espátulas, dados, bichos de pelúcia). Esse vídeo respondeu à necessidade de filmar uma improvisação livre solo para a aula de pós-graduação da USP “Os Territórios da Improvisação: Pensamento e Ação Musical em Tempo Real”, ministrada pelo prof. Dr. Rogério Costa.
Eu já tinha escrito, em um outro trabalho acadêmico: se é fato de que “música” não é por si uma arte meramente sonora / auditiva, mas que se agencia em torno do som e da tradição musical, também é possível pensar que, a partir do ouvido e da escuta e para o ouvido e a escuta, agregamos outros sentidos, aparatos, dispositivos. Dessa forma, tentei “tocar a luz”, não como um iluminador ou como um operador de luz, mas como o músico que sou! (frase brega!).
Nesses improvisos, também incluo como fator importante a apreensão de características de intencionalidade do improvisador (se está deciso, indeciso, pensando, em pânico, se está forjando estar indeciso, etc). Por isso tento deixar bastante aparente expressões corporais e faciais que possam dar informações ao espectador nesse sentido, traçar contrapontos, preencher as pausas sonoras com titubeios.
Momentos em que se olha para frente, há a mini-tábua, o microfone de contato, um pente azul jogado, ao lado o estrobo, a caixa-clara, do outro a luminária, o rádio e uma filmadora na diagonal esquerda, o pim e a outra luminária na diagonal à direita, no chão a pedaleira de efeitos, os pedais de volume, em baixo da mesa a caixa de objetos, acima a mesa de som, os cabos passando de um lado a outro, são 9 cabos, entre a frente e a traseira direita a caixa de papelão com bichos de pelúcia, a coruja, o pisco, o guaxinim, e alguns nãos, tudo ao mesmo tempo, a capacidade de analisar começa a falhar, pego a espátula mas não vou usá-la, já fiz isso, eu sei o que aconteceria, e se… e de-repente um leve pânico: eu não sei onde estou – e a paralisia, mas estou com a espátula na mão, pego um imã e raspo (eu sei raspar), é isso, eu estou aqui, vou subir esse pedal, mas não vou mexer nesse cabo, vou girar isso para que o som ressoe na caixa (giro o botão errado e nada acontece) – estou agaixado, é melhor olhar então com cara de que está tudo errado, ver se a câmera capta isso, e mexer em todos os botões, um por um, pro outro lado, até memorizar e remexer e deixar apenas o correto, a outra mão ainda está raspando o imã, e o pé direito quer desligar a luz, mas está de tênis, é difícil assim, eu deveria estar descalço.