Relatório de Atividades: Sonorities Festival 2007


Em um dos estúdios do SARC.

Olá a todos!

Segue abaixo o relatório de minhas atividades no “Sonorities Festival of Contemporary Music 2007“, ocorrido entre 20 e 25 de abril deste ano. Entre elas estão algumas informações úteis sobre finaciamento para viagens, hospedagem, a cidade de belfast e algumas anedotas que considerei convenientes.

1. O Festival.

O Festival de Música Contemporânea Sonorities é o mais antigo festival de música nova da Irlanda e um dos principais da Europa a apresentar músicas inovadoras. Além de trazer inúmeros concertos com artistas renomados (participaram do festival, entre outros, Anthony Braxton, Luc Ferrari, Natasha Barrett (atualmente na moda), Richard Barrett, Denis Smalley, London Sinfonietta e Johnathan Harvey), o Sonorities tem como meta trazer à Irlanda do norte idéias e sons inovadores do mundo inteiro. Para isso tem convocado, desde 2004, um chamado internacional de obras, das quais um juri especializado seleciona algumas a serem apresentadas no laboratório sônico (Sonic Laboratory) do centro de pesquisa em artes sônicas (Sonic Arts Research Centre – SARC) da Queen’s University. Este chamado atraiu obras, performances e instalações sonoras de mais de 25 países.

Computadores dos doutorandos (aberto 7 dias por semana, 24h por dia).

Um grande número de eventos utiliza as vantagens do singular laboratório sônico. o SARC foi oficialmente inaugurado em 2004 por Karlheinz Stockhausen durante o Sonorities 2004. O laboratório sônico inclui uma orquestra de caixas de som estrategicamente localizadas em cima, em volta e em baixo da área dos espectadores. estes andam em um chão suspenso e transparente e tem a oportunidade de experienciar um mundo sonoro tri-dimensional no centro de um cubo (3D surround-sound).

Desde 2006, paralelamente ao festival, conta com um simpósio internacional focado em performance em ambientes de rede computadorizada (2nd International Symposium Focusing on Networked Performance Environments), denominado Two Thousand + Seven.

Maiores informações: Sonorities & SARC.

2. Financiamento.

Tendo sido aceito na mostra “Open Fader” do festival, com uma música (alguns a conhecem: “Contrabandistas de Jeans Furiosos até as Narinas” – foi tocada no ENCUN II, entre outros eventos), minha presença foi requerida pelo festival. Isto porque, para executar a peça eletroacústica em um ambiente com 48 caixas de som, o sonorities exige a presença do compositor como intérprete.

O e-mail chegou para mim na segunda semana de março. Da segunda semana de março até a segunda semana de abril deveria conseguir um financiamento para viagem e estadia (o e-mail dizia: esperamos que com essa mensagem possa conseguir financiamento junto a instituições brasileiras, de modo a viabilizar sua vinda).

As embaixadas, do Brasil e do Reino Unido (Belfast é na Irlanda do Norte, pertencente ao Reino Unido, e não na República da Irlanda, que é outro país), não deram apoio nenhum. O Rotary Club Campinas Barão Geraldo, após ter prometido se esforçar para conseguir alguma verba e estadia, se omitiu e acabou não ajudando com custeio nenhum nem estadia (na verdade, o sistema de intercâmbio deles funciona para tempos de no mínimo 3 meses e é bom ter algum conhecido da família rotária para ver se consegue alguma verba; eles não tem o costume de investir em apresentações culturais – minha tentativa foi algo não usual, apoiado no fato de ser um evento importante).

Gruas, sinal de expansão financeira.

Uma vez que meu pai insistiu para que eu fosse mesmo assim, fez-se um orçamento de passagens. Para não chatear leitores, aqui vai o valor final:

R$ 4.140,25, pela British Airlines, de Guarulhos (são paulo) até o London Heartrhow e de lá até o Belfast City Airport, e de volta.

Num encontro fortuito na rodoviária de São Paulo, rumo à Campinas, pude conversar com Renato Fabbri, que estava indo para a Alemanha para a conferência internacional de áudio em Linux, financiado em parte pelo Ministério da Cultura, em parte pela Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Campinas. Ele me aconselhou a olhar o seguinte endereço:

MINC, e entrar no “apoio a projetos” > “programa de intercâmbio”.

Não havia nada lá, mas no dia 16 de março, subitamente, aparece um edital (02/2007), com inscrições até 25 de março, para viagens para o exterior no mês de abril, com R$ 100.000,00 disponíveis.

Passei uma boa semana preenchendo formulário e procurando documentos, além de escrevendo o projeto, lendo o edital cuidadosamente e, finalmente, provavelmente no dia 04 de abril, o resultado da seleção saiu no diário oficial de nosso país, sendo o meu nome o primeiro colocado.

Valor concedido: R$ 3.989,44.

O único problema é que, em um prazo de 3 dias deveria enviar uma carta convite do diretor / organizador do evento (não podendo ser obtida nem por e-mail nem por fax), à secretaria de cultura, sob a pena de perder o dinheiro. Apesar da preocupação consegui a carta, por lDH (tipo um SEDEX internacional bem caro); devo previnir futuros candidatos acerca dessa necessidade – da carta convite do país de origem…

Enfim, no dia 22 de abril o dinheiro caiu na minha conta (claro, eu já estava em Belfast); portanto, nessas situações, deve-se individar-se ou receber mecenato familiar como suporte, esperando poder pagá-los de volta após um mês.

Universidade da Rainha.

Outra coisa: pode ser muito difícil contatar por telefone a secretaria do minc, apesar dos 6 a 8 números telefônicos disponíveis, pois nem todo mundo atende todo dia, e existem reuniões que congregam todos os funcionários sem exceção. O resultado da seleção, além do diário oficial, é transmitido via telefone e e-mail, então não é necessário, como eu fiz, olhar todo dia o sítio do ministério para ver se há alguma informação preciosa a respeito do edital.

Maiores informações ler cuidadosamente os editais e olhar os formulários a serem preenchidos, pois contém ao menos duas questões problemáticas, sobre a identidade brasileira e o desenvolvimento
cultural do país.

3. Documentação para Viagem.

Tive o azar de não ter passaporte. Quando fui à polícia federal, esperei 1h30 na fila e o rapaz me disse que demoraria em torno de 40 dias para ficar pronto, dado problema na impressão dos mesmos. Uma alternativa seria pedir em regime de emergência, dois dias antes da viagem, com a passagem na mão (o que foi feito por Renato Fabbri com sucesso…).

Para não ter que enfrentar essa situação tive que contactar um militar e explicar-lhe da situação, que permitiria uma inserção cultural do Brasil em um importante festival internacional. O passaporte saiu em 6 dias. o reino unido não requere visto para estadias com duração menor do que 6 meses.

Céu de Belfast.

4. Aviões e Aeroportos.

Quando viajar para Londres, saber o endereço de onde você vai ficar no Reino Unido, além de ter a carta convite do festival e o passaporte em dia; muito importante o recibo da ou a passagem de volta. O “visa” (visto do depto. de imigração londrino) é feito na hora, mas, já que você vai trabalhar – tocar –, eles podem fazer um pouco de vista grossa, por ser atividade especializada (eu esperei 20 minutos); outra alternativa é simplesmente dizer que você está de férias e vai visitar fulano de tal, opção que, por ser meio mentirosa, foi descartada por mim. Normalmente a permissão para estadia é feita com base na sua passagem de volta ou na quantidade de dinheiro que você tem, caso não tenha a passagem de volta (no caso, é necessário apresentar em notas ou olerite).

De um terminal a outro do gigantesco aeroporto Hearthrow, dá 15 minutos em um microônibus disponibilizado para essa finalidade (só seguir as setas). O aeroporto tem saguões imensos e pode ser assustador. procurar o balcão de informações é sempre a melhor opção. Whiskeys Irlandeses (Bushmills, por exemplo), além de chás ingleses são 30% mais baratos no Dutyfree do que na Irlanda; livros são caros e não há muitas opções.

Caso a passagem tenha um recibo de ticket eletrônico, deve-se prosseguir pela fila padrão no aeroporto, a passagem é retirada na hora. para o aeroporto de guarulhos existem ônibus que saem do terminal Tietê, Barra Funda e na frente do República, custando R$ 27,00. Em Belfast, pega-se um ônibus no Hotel Europa, número 600, ao aeroporto, e de onde você estiver até o hotel um taxi (aqui há um detalhe: apenas taxis pretos param nas ruas, os outros devem ser chamados por telefone).

Alfandega só existe no Brasil pelo jeito, mas o padrão é não acontecer nada se você gastou menos do que 500 dólares (cerca de 230 pounds) em produtos, exceto coisas como livros.

Damian e Brian Cullen no Thompsons.

5. Estadia.

Fui lembrado por minha irmã que uma amiga comum entre nós tinha conhecidos em Belfast (uma tia que lecionava na Queen’s University Belfast), e através de mensagens eletrônicas entrei em contato com um brasileiro, fazendo um ano do seu doutorado lá, e ele disse que poderia me hospedar, ele e sua mulher. Ela me encontrou e deu uma chave; assim, pude conhecer duas pessoas legais, além de não gastar dinheiro com estadia.

Albergues de estudantes costumam custar £16 a £20 por dia, o que, multiplicado por 4 é um tanto caro.

Jean e Amélia: grandes companheiros! Sou muito grato à ajuda valiosa!

6. Roupas e Temperatura.

Belfast é uma cidade fria e úmida, com muito vento. como sou friorento resolvi gastar dinheiro em uma loja de roupas esportivas (para esportes radicais na neve). A vantagem é que a maioria dos itens pode ser usada em invernos paulistanos, como meias de frio, calça esporte de inverno, e botas; a desvantagem é que, não tendo um único ítem sequer para frio acentuado, gastei em torno de R$ 600,00 (espero que sirvam durante pelo menos 10 anos de minha vida). Opções mais econômicas são compras em lojas de roupas usadas, e em Belfast existem algumas em que se pode obter coisas um pouco mais baratas (mas não muito, deve-se gastar provavelmente em torno de R$ 300,00).

Agasalhos de nevasca peguei-os emprestado, mas após março não é tão frio, “warm weather”, com sol de quando em quando, como um inverno em São Paulo, mas com mais vento (cachecol, luvas e gorro são necessários); nem por isso as garotas colegiais deixam de usar as famosas sainhas inglesas. Em Belfast é muito raro nevar, mas chove chuva rala o tempo todo, e guarda chuvas podem, com um pouco de azar, quebrar no vento.

Esse tipo de norma gera feitiches e taras.

7. Financiamentos Internacionais para a Música Eletroacústica.

Exceto na incrível situação em que você é um convidado internacional de grande prestígio como Mark Applebaum, George Lewis & Barry Guy, ou o Ensemble Recherche, um festival não vai pagar-lhe a participação. A isto pode ser adicionada a informação de que, até mesmo na Europa, o circuito da música eletroacústica e tecnologia musical é quase que inteiramente financiado por universidades. Assim, espera-se que sua universidade pague sua participação (ou ao menos seu transporte). O circuito em si é voltado para os compositores, músicos experimentais e universitários, segundo as conversas que tive.

Não obstante, existem muito mais oportunidades nos Estados Unidos, Japão e Europa para a tecnologia musical, desenvolvimento de network art, estéticas “pós-digitais” e a improvisação integrada a computação (improvisação algorítmica, etc) do que aqui no Brasil. Muito dos professores dos quadros atuais de universidades inglesas são jovens de 27 a 30 anos, e o próprio quadro de doutorandos do SARC é composto por pessoas bastante jovens. O ensemble eletroacústico oficial da Universidade de Manchester é inteiramente composto por alunos (Kairos).

Ensemble Recherche.

8. Dinheiro e Conversões.

Um pound (£) = 4.5 reais na compra ou 2.1 dólares, e é por isso que o Reuno Unido não aderiu ao euro. As redes de cartão internacional Sirius e Plus funcionam na cidade, com uma taxa de 1.5 dólar e 15% a cada gasto feito indo para o banco. O pound pode valorizar de uma ora para outra: quando deixei para converter o restante do meu dinheiro em Belfast, perdi 8 pounds porque tinha subido de 4.3 para 4.5 ou algo do gênero (na verdade, converti dólares, o fato é que a sensação de volatilidade monetária nunca antes havia sido experienciada – evaporação).

É bom calcular as conversões e prever gastos, porque, na volta pagam-te 1.9 dólares por pound; a conversão para reais é 1£ = 3.5 R$! Então recomendo estudo dessas questões antes de fazer qualquer coisa e acabar perdendo 100 reais na brincadeira.

Os preços das coisas em pounds são menores (em termos de valores numéricos) do que os de são paulo, café a 1.5, scones 1, bagels 1, sanduíches 3 e bons sanduíches a 5£ (o restaurante indiano sai por 10, mas come-se muito bem). Uma vez convertido o dinheiro, impossível pensar o quanto as coisas são 4 vezes mais caras: olha-se para a nota de 20 pounds e, embora procurando gastar apenas 15 por dia, é apenas uma nota na sua carteira, impossível dizer “isso vale 90 de onde venho, é melhor ir ao supermercado e economizar”, mesmo porque, para participar de todos os concertos e conhecer as pessoas é necessário comer e tomar cafés em locais agradáveis.

Mark Applebaum.

9. Belfast, Cafés, Comidas, Pints.

A capital da Irlanda do Norte é uma cidade de 300.000 habitantes, que cresceu muito nos últimos 4 anos, com um investimento maciço de mais de 200 milhões de pounds para modernizar a universidade. As ruas tem mão inglesa, o que torna a probabilidade de ser atropelado 13 vezes maior para um não reino-unidense. As ruas são limpas e não há o terrível humm constante encontrado na cidade de São Paulo, nem a barulheira das construções.

Irish Coffe, original.

Cafés são bons, tirados de maneiras distintas do que aqui. O single expresso é uma espécie de ristreto turbinado, muito forte mesmo, e o double parece um muito forte brasileiro (quantidade normal), mas menos ácido. O hammerhead é um double expresso misturado com regular coffe (de coador), e vem em um copo. O latte é gigantesco (taça), marrom, com a espuma do leite em cima; se você quiser café com leite, deve pedir o machiato, porque eles tomam café com leite gelado, que fica disponível em jarrinhas nas mesas na maioria dos lugares – há a opção do white coffe também, que é café de coador com leite. O café irlandês é sensacional, com whiskey irlandês (no Brasil, tirando o Jamenson’s, todos os outros são scotchs), café expresso quente, alguma coisa (não é doce) e creme irlandês absolutamente gelado em cima, que não se mistura com o resto. comidas incluem scones, muffins e sweet squares, muitos dos quais de framboesa, bons para acompanhar o café (alguns dos locais praticam a “barganha justa”, fair-trade, tentativa de pagar mais aos trabalhadores do terceiro mundo – África e América). Bagels são rosquinhas de pão, boas com queijo cremoso. Comidas típicas incluem o Ulster Fry – torradas com manteiga, ovo, salsichas e tomate (no café da manhã) e o Fish and Chips (peixe e fritas com muito óleo e regadas de vinagre – coisa de inglês).

Ulster Fry.

Um pint de Guiness = 2.6 pounds, que deve ser algo como 500 ml. O atendente coloca a cerveja preenchendo 75% do copo, pede para você pagar, espera um pouco e depois preenche o resto (se você ficar impaciente pode acabar irritando um irlandês – um deles fez um x na espuma da minha bebida dizendo “essa aqui é a sua”). Eles jamais chamam isso de cerveja. Outra boa opção é a stella airtois, 3 pounds um pint.

Como a maioria dos lugares fecha as 1h da manhã, eles costumam começar a beber cedo, 18h da tarde, e é comum convidarem enfaticamente pessoas para ir aos pubs, locais fechados (o cheiro de cigarro imediatamente gruda na sua roupa – dentro de alguns meses vai ser proibido fumar nesses locais, como já é em toda a universidade). As pessoas não vem problema nenhum em beber antes ou entre os concertos, tendo que sair ao banheiro entre uma música e outra (caí nessa “armadilha” nos três primeiros concertos).

Bishops.

As diferenças sociais não existem comparadas com São Paulo. O máximo que vi foi uma indiana vendendo revistas ilegalmente; o salário mínimo permitido é algo como 500 pounds, mesmo em meio período, e aparentemente quase não há hierarquia entre empregado/patrão. Os irlandeses são hospitaleiros (dizem que “os mineiros da Europa”), e se você souber inglês bem vai acabar enfrentando situações em que eles vão querer te pagar bebidas.

10. Schmoozing.

De acordo com os ingleses que encontrei, chit-chat (bate papo) específico entre pessoas da mesma área profissional, em busca de contatos e oportunidades. Como resolvi assistir a todos os concertos, e as pessoas se mostraram realmente legais, passei tardes inteiras schmoozing.

Uma coisa muito positiva sobre esse festival foi que não existiram pessoas adotando posturas defensivas, atacando tipos estéticos ou axiomatizando fatos notadamente plurais e cheios de exceção; ou seja, a seleção do festival foi feita baseada na diferença entre os participantes e não na semelhança, tanto que tivemos grupos de noise com levadas semi-pop, o glitch jazz do quarteto de laptops do Akihiro Kubota (que se intitula design da informação e improvisador algorítmico), Mark Applebaum e sua estética das colisões, peças eletroacústicas tradicionais (Diana Dillon), uma inglesa com grande agressividade gestual e energia (Jo Thomas), etc, o piano algoritmico do George Lewis (ele tocou trombone) e Barry Guy no baixo em uma seção de free jazz, o belíssimo allegro sostenuto do Lachenmann tocado pelo Ensemble Recherche, etc.

Isso não quer dizer que não se falava mal das peças (pois é um mal incorrigível dos músicos), mas que não observei nenhuma inimizade e era possível ouvir e colocar críticas.


Galera do SARC em dia ensolarado.

11. Open Jack Nights.

Em duas noites ocorreram noites em que as pessoas podiam levar laptops e instrumentos e tocar em uma galeria, comprar cerveja e falar muito auto, ficarem surdas, improvisarem vídeos, tomar chuva no terraço, sorrir umas para as outras. O som esteve incorrigivelmente ensurdecedor e muitas pessoas não sabiam mesmo quando parar, além de se evidenciar as diferenças de postura de pessoas acostumadas a improvisar e pessoas não acostumadas. Uma boa sugestão dada foi colocar limiters na saída da mesa de som para as caixas… outra, uma mediação (mas como é difícil não exercer poder, não coagir ninguém, mesmo que “amigavelmente”!).

Instrumentário da noite da conexão de áudio aberta.

12. Difusão Sonora.

O laboratório sônico tem 48 caixas, das quais 40 são organizadas através do pro-tools em 20 subgrupos stereo (direita-esquerda). Assim, tem se 8 caixas no nível normal (4 faders), 8 no nível médio (acima), 8 no teto, acima das cabeças das pessoas, 8 em baixo, viradas para cima, 8 nas arestas do cubo; existem também vários subwoofers, separados em dois faders, um para a direita outro para a esquerda. A sequencia das coisas é essa descrita. as caixas embaixo das pessoas não soam realmente como vindas de baixo, criam um ambiente semi abafado mais distante; as arestas do cubo dão efeitos sutis relacionados à percepção de distância da fonte sonora; existe um artigo recente (perdão, não tenho a referência aqui) em que o autor prova que, sob certas condições, é possível perceber diferenças de direita-esquerda para sons muito graves usando subwoofers apropriados, mas eu pessoalmente, no ensaio, não consegui.

Muitos botõezinhos.

Tive aulas com J. A. Mannis e adquirido algo da sua fisicalidade me vi na difícil tarefa de mexer muito nos 22 faders o tempo todo, tendo apenas 8 dedos úteis (e descoberto que não é tão simples misturar a automação do pro-tools com alterações ao vivo nos faders – ocorrem problemas que não puderam ser resolvidos em apenas 1 hora de ensaio). (Em um vídeo que disponibilizarei em breve dá para ver eu abaixando o master sem querer, em uma pausa, mas cortando alguns centésimos do primeiro som da próxima seção… – de qualquer forma é bom tentar, Chris Corrigan, o técnico de som, disse que foi bom, tentando mudar o espaço sonoro a cada subseção – 16 ao todo na primeira seção da música). Fica claro, no entanto, para mim, que o principal problema da execução de música eletroacústica é a falta de familiaridade com os espaços e número de caixas (mesmo com 8 – quando podemos ensaiar com 8 caixas a não ser 1 hora antes do concerto?).

13. Dois Adendos:

a. Evitar, sempre que possível, comer o café da manhã inglês servido no avião, uma mistura de ovo derretido, bacon, presunto, salsisha e tomate, aparentemente esquentado no microondas. Pessoas previdentes pré-ordenam cafés da manhã vegetarianos, a fim de evitar prováveis funcionamentos intestinais anormais.

b. Um fato incrível: os ingleses, conhecidos entre nós por sua pontualidade, tiram sarro dos alemães, por serem estes supostamente muito pontuais. Um inglês, de Manchester, comentou estar em um trem alemão, atrasado 5 minutos, e a cada estação os funcionários se desculpavam: “desculpem, estamos 5 minutos atrasados”; quando fez a baldeação, mesma coisa. 100 kilômetros depois, chega a seu destino final com exatos 5 minutos de atraso.

14. Muito Além de Alguns Erros de Português Gostaria de Corrigir a Seguinte Informação:

> a taxa de 1.5 dólar e 15% a cada gasto feito indo para o banco.

(O que me parece um tanto abusivo e que atesta a maior probabilidade da taxa ser de 1.5%)
grandes abraços a todos e votos por viagens mundiais!

Nick toma sol.

Fotos completas, aqui.

postado em 3 de setembro de 2009, categoria música
  1. yurikoya disse às 12:20 em 6 de setembro de 2009:

    Querido Henrique. Pouco compreendo do som eletroacústico, mas, pelos seus relatos, este som se clarifica e se humaniza ante meus sentidos tão restritos. Além disso, o seu relato é uma delícia (literalmente quando descreve os muitos pães,cafés,etc). obrigada por permitir acesso a este universo. Vou ouvir mais!!!
    Bejos
    Tia Yuri