Éter, Silêncio, Vazio: Experiências Problematizadas

A primeira versão do artigo foi apresentada no evento O Trágico, O sublime e a Melancolia: 12º Congresso Internacional de Estética | Brasil, no dia 14 de outubro de 2015, na FAFICH/UFMG, dentro do painel Música como crítica das práticas artísticas (aqui o caderno de programação). O texto não foi selecionado para publicação.

A segunda versão foi apresentada no Seminário Livre sobre Arte, Vida, Política, Filosofia e Música, dia 14 de julho de 2016, no SESC Palladium, organizado por J.-P. Caron como parte do encontro internacional de arte sonora: sô(m). Nesse, antes do debate, realizei uma performance reduzida de Éter 2 (aqui, com o áudio da leitura do texto e perguntas também). Tive mais tempo e sugestões foram feitas.

Reapresentei-a como parte da programação dos espaços livres do FIME, em São Paulo, dia 22 de julho de 2016. Antes de ler o texto, apresentei uma primeira versão do vídeo Éter 3, com um laranja chapado indo ao preto, segundo durações cada vez maiores, a partir da série de fibonacci. Também tive um tempo de debate mais extendido na ocasião.

Pretendo desdobrar esse artigo e enfrentar todos os buracos, erros e questões mal resolvidas. Ele pode ser acessado ->aqui<-. No meu blogue, organizei alguns comentários e referências; ficarei muito feliz de receber críticas, indicações etc.

O resumo expandido consta abaixo.

Primeira questão: é possível criar uma obra que vá contra a noção de experiência? Ray Brassier aponta para uma preocupação desse tipo em “Genre is Obsolete”, falando de uma potência desestabilizadora do humano, em certas obras-ações com características anti-genéricas. Uma obra que pudesse articular essas preocupações: algo que se autoanularia, de duração infinitesimal, cuja possibilidade de experiência consistisse na apreensão da tentativa de anular a experiência. Wittgenstein, na sessão §6.4311 do “Tractatus Logico-Philosophicus”, fala da morte: ela não seria experienciada porque não vivida (“a morte não é um evento da vida”). Mas existiria a possibilidade de simbolizar a morte, e de experienciar seu conceito, pensar sua possibilidade.

Segunda questão: como retomar a preocupação modernista de fundir a arte com a vida? Penso aqui nos indiscerníveis. Em 1981, GX Jupitter-Larsen declarou que todas as vagas de estacionar vazias em uma cidade eram monumentos à entropia. Tentando conceitualizar esse tipo de operação, chamou de Xylowave a distância entre nada e alguma coisa. Nas suas palavras, e de modo um tanto problemático, “uma xylowave ocorre toda vez que um efeito não tem causa, ou que uma causa não tem efeito”. Mas como articular isso com a primeira questão? Obras então que buscassem, a partir do vazio, do transparente e sobretudo do silêncio, vivências, sem entretanto enfatizar as características fenomenológicas destas. Silenciar a presença humana ou ser um índice de não-ocupação humana. E se Cage em 4’33” e 0’00” diz: escutemos aprofundemos a escuta, talvez o deslocamento necessário seja o de pedir uma não-escuta. Tal como pensamos o espaço, retirando-lhe todos os objetos. Se vivêssemos eternamente no presente haveria som?

A comunicação procura articular essas questões e colocações de autores ao abordar as obras do autor: §6.4311, Éter, Éter 2, 13 Horas de Nada e 24 Horas de Nada.