Trilhas Sonoras

aula 1

falamos sobre as músicas e os lugares. que música toca em qual loja, em qual ambiente; qual a relação da música escolhida com o ambiente (na casa, na rua, etc). vimos um documentário com trilha do henrique iwao, coleção e museu, de dalton sala.

aula 2

rafael trouxe uma coletânea de trilhas, de hironobu sakaguchi, dos jogos da série final fantasy. discutimos sobre música de videogames antigos, 8 bits (chiptunes), com poucos canais / vozes independentes. depois gustavo lembrou do site ongaku concept.

pensamos na ideia de filme de si mesmo e trilhas para situações cotidianas, e momentos em que nos imaginamos dentro de um filme.

lemos trechos do livro “carne de canhão”, de agustín arosteguy, acompanhados das músicas que ele sugere nos inícios de capítulos.

aula 3

exercício de escrita de cena e elaboração de trilha para esta.

aula 4

exercício: escolher um texto e realizar trilha para este.

vimos o trecho inicial (0:00 a 4:30) do filme paranoid park, de gus van sant, trilha de ethan rose – “song one”; vimos também um trecho  (32:20 a 37:24) do filme kwaidan: 4 faces do medo, de masaki kobayashi, trilha de toru takemitsu. primeiro sem som, depois escolhendo sons e músicas diversas e depois com a trilha original.

aula 5

falamos de leitmotif, ou tema-guia, conceito usado por richard wagner para compor suas óperas. vimos como, muitos anos depois, o mesmo foi utilizado por john williams na trilha da primeira trilogia guerra nas estrelas. comentamos as aparições do “tema da força“.

tangentes: filme liztomania, de ken russell. autores de teoria crítica – theodor adorno critica a indústria cultural; guy debord e a sociedade do espetáculo.

ao final, ouvimos um trecho de also sprach zaratustra, poema sinfônico de richard strauss baseado no livro de friedrich nietzsche.

aula 6

algumas referências de idm:

mais puxado para uma espécie de surf rock sem praia (então, de videogame): retrigger. conversamos também sobre o início da música eletrônica – a chamada música concreta (pierre schaeffer e pierre henry, este último, “o avô da música eletrônica”).

aula 7

ouvimos os exemplos desenvolvidos na aula 6:

falamos do por quê de representar o relógio como um tic-tac e não um tac-tac, e afinal, porque o tempo passa assim, regularmente, como um tempo sempre acabando? um exemplo inusitado – e aqui fizemos o exercício de poder levar tudo a sério. floribella.

a dicotomia entre o bom e o mal: exemplos de anjos e demônios / música angelical e música demoníaca. no primeiro exemplo é bom conhecer a fonte, a brilhante trilha de bernhard hermann para psycho, de 1960.


postado em 23 de setembro de 2015, categoria oi kabum bh : , ,

nihil obstat, para aquiles guimarães

1. só o cavalo. seu som. sua presença. [inicializar o sistema]

2a. jorge entra e faz poses. alguns sons entram e saem, com parcimônia e cuidado [ambientes1, depois talvez conjuntamente e/ou alternadamente com ambiente2]. são como madeiras estalando, pequenos animais andando pelo telhado, eventualmente arrastando algo consigo.

2b. pode ser que o cavalo tropece e caia. seu som caído é diferente. seu som, ao ser levantado fora do chão (por jorge), é ainda outro. não há implicação direta, mas é necessária uma sensibilidade para esse acontecimento.

3a. primeiro balançar das caixinhas. quando jorge solta a primeira entra um som de gaitas [caixinhas1]. o som entra intenso e vai enfraquecendo conforme o movimento das caixinhas vai perdendo vigor. o balançar torna-se menor e o som de certa forma acompanha isso. jorge observa, mas também escuta.

3b. quando já está bastante baixo, há o cavalo e seu barulho. jorge dança. há então um resquício de gaita, para aqueles que quiserem voluntariamente ainda focar nele. estalidos ocasionais, possíveis [também ambiente3, mais leve, talvez possa ser usado].

4. leve balançar das caixinhas, mas sem som, cavalos e estalidos. ou então, apenas o som do cavalo, entra um som com delay e retroalimentação, de estalidos, algum filtro, deixa-o mais agudo – espécie de contraste em que há o estritamente periódico ocorrendo em meio à dança. isso não dura muito, é preciso novo silêncio-cavalo, antes do segundo balançar.

5. segundo balançar das caixinhas. quando jorge solta a primeira caixinha entra um som de trombones [caixinhas2], intenso. jorge desvia delas. os desvios de movimento ajudam também a evidenciar, possivelmente novamente, mas ainda mais acentuadamente, o movimento pendular das fontes sonoras, seu vai e vem, o vai e vem do som emitido por elas. a intensidade do som das caixinhas não diminui. o seu balançar não diminui (jorge se encarrega de reinserir energia nas caixinhas, arremessando-as, soltando-as novamente).

6a. primeira ação no pedal. som muito intenso de aspirador [aspirador]. mascaramento. o foco auditivo deve mudar para a caixa em cima do palco, fonte desse som perturbador. enquanto isso, oportunidade para diminuir a intensidade do som de trombones, de modo que quando jorge desliga o som de aspirador, há ainda som de trombones, mas: a. por um lado eles estão menos intensos do que antes; b. por outro, essa diferença não deve ser mostrada/indicada para a platéia.

6b. jorge aperta de novo o pedal. som muito intenso de aspirador, de novo. mascaramento. o foco auditivo deve mudar para a caixa em cima do palco, fonte desse som perturbador. enquanto isso, oportunidade para diminuir até zerar a intensidade do som de trombones, de modo que quando jorge desliga o som de aspirador, não há mais som de trambones, mas apenas do cavalinho.

ou seja: movimentação das caixinhas [5] para a caixa amplificada em cima do palco [6a], de volta para as caixinhas, com um fundo de cavalo, para a caixa amplificada de volta [6b], e por fim para a ausência do som das caixinhas, seguida do reconhecimento do som do cavalo, parando no cavalo.

7. silêncio-cavalo. jorge vai pegar uma lâmpada e balançá-la. pêndulo, como nas caixas, mas o ir e vir agora é um ir e vir de delays, de repetições e retroalimentações – sons de microfone de contato; sutis, leve balançar. movimento-som [período do delay imita o período do balanço, usando para tal cálculo a função tap]. quando jorge começa a girar no alto a lâmpada, há uma filtragem do som-delay, rumo ao agudo [cortar de pouco em pouco os graves], ao mesmo tempo que uma diminuição da intensidade do som. a intenção é a seguinte: fazer uma transição suave do som-delay para o som que a lâmpada produz ao ser girada rapidamente.

8a. segunda ação no pedal. a cada pisada que jorge dá, um som novo, de intensidade média: mágica – focos de percepção: o pé de jorge e a caixa em cima do palco. primeiro cordas e romantismo, volta do tema dos trombones [pedal1], depois: brinquedo e acorde de dó maior [pedal2], brinquedo louco [pedal3], quak (piada com o espetáculo anterior) [pedal4], pulso [pedal5], campainha de teatro [pedal6], sons de cavalos relinchando (volta do cômico, para do som quak de pato) [pedal7], novamente o primeiro som (relações de dois a dois reforçada) [pedal1].

8b. novo apertar do pedal e surge um trecho de canção tradicional japonesa: teru-teru bozo. a letra completa, implícita, é a seguinte:

teru-teru-bozu, teru bozu / faça amanhã um dia ensolarado / como o céu de um sonho que tive / se estiver sol eu te darei um sino dourado // teru-teru-bozu, teru bozu / faça amanhã um dia ensolarado / se meu sonho se tornar realidade / nos beberemos muito sakê // teru-teru-bozu, teru bozu / faça amanhã um dia ensolarado / mas se chover você estará chorando / então eu cortarei a sua cabeça com a tesoura

(por isso o som de tesouras. e a eminência de jorge, em [9], de pisar no cavalo). durante essa mini-canção, deve-se tocar ruídos, ao vivo, com delay e retroalimentação (efeitos que devem evocar um pouco [7]).

9a. jorge desaperta o pedal de volume. no ambiente, sobram alguns sons de delay da improvisação de ruídos. jorge aperta-o de novo, começa tocar a peça fafa#sol [final1] na caixa em cima do palco. gradativamente o som sai dessa caixa e vai para o pa [crossfade entre caixa em cima do palco e pa. o lado direito do pa deve estar tocando o material base, mais similar à caixa em cima do palco, também do lado direito]. esse processo é lento o suficiente para que se perceba uma mudança de espaço sonoro gradual, mas não lenta o suficiente para que não se perceba os dois pólos como separados – caixa em cima do palco e depois apenas p.a.

9b. o som está razoavelmente intenso – é como um rock, energias de repetição, de explosão, criação de um ambiente com algo de catártico. não se ouve bem o cavalo. o cavalo não está mais tão presente. depois de dançar, jorge chama a atenção para a menor presença do cavalo – se irrita com ele, provavelmente o despedaça: “aí está o cavalo, afinal”. jorge para em frente as caixinhas. agora jorge puxa as caixinhas para trás – movimento contrário, cujo resultado deve ser contrário. quando jorge solta as caixinhas, silêncio. sobram as caixinhas balançando sem som (talvez um resquício do que seria o cavalo, nada mais, fim).


postado em 13 de fevereiro de 2013, categoria Uncategorized : , , , , , ,