o problema da adição, #1

1. 2+2 ≠ 5: dois mais dois resulta diferente de cinco, a despeito do que uma canção do radiohead possa insinuar, ou um romance de george orwell. sinto uma leve irritação quando ouço thom yorke cantando (the lurkewarm). penso: isso está errado, e nem chega a ser algo que verdadeiramente representa um isolamento da sociedade, ou uma perda da capacidade de raciocinar.

2. agora, lembremos do empirismo (por exemplo, john stuart mill – que conheço via feyerabend): coloco uma batata do lado da outra, tenho duas batatas. junto outra dupla de batatas, tenho quatro batatas.

3. se vivessemos em um mundo em que toda vez que junto quatro objetos de um tipo específico, um quinto aparece. nossa matemática seria outra. mas mais ainda: nossa ontologia também (colocando 4 objetos juntos e vendo um quinto surgir, teríamos certeza de que aqueles objetos são realmente aqueles objetos – isto é, se não aparece um quinto, certamente uma das ‘batatas’ não era uma batata).

4. agora, por mais descondicionado / desconfabulado / desdisposicionado que um sujeito esteja, big brother grande irmão, sujeito não vai prestar atenção e confundir um mundo com outro (inexistente)? não, não vai. mas ele pode treinar para esvaziar o significado das palavras; mesmo aí não se tratará mais da operação de adição (continua valendo, 2+2 ≠ 5, mesmo que se diga o contrário; pode-se dizer um monte de coisas; mas pode-se significa-las?).

5. pois aprendo a operar a adição adicionando. tenho uma tabela: 0+1, 0+2, …, 0+9, 1+0, 1+1, 1+2, 1+3, …, 1+9, 2+0, 2+1, 2+2, 2+3, …, 2+9, 3+0, …, 9+1, …, 9+9. repito e repito. alguém me corrige quando erro, ou eu mesmo, a consultar as respostas. pego objetos, espalho, junto.


postado em 16 de outubro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , , , , , , , ,