meio de junho de 2016

1. faz uns 20 anos que torço contra a seleção brasileira. faz parte do que considero “patriotismo”. mas já desde 2006 não vejo futebol, o que é como não gostar de chocolate, não ter celular, evitar dirigir e nunca ter fumado maconha: “um outro mundo é possível”.

2. a vantagem da literatura é poder transformar desentendimentos em textos, ficar pensando se publica ou não, por não querer ampliar a possibilidade de piorar a situação, decidir publicar e dependendo do resultado, responder: mas é tão bom como crônica! e se isso causar irritação, repetir um mantra do tipo “eu não sou cordial, eu não sou cordial”, na esperança de que exista um espaço racional de expressão da irritação no mundo.

3. na internet, falam de catedral. como vivo esbarrando em mundos pequenos, pequeninos, vou mencionar aqui a possibilidade de uma cena virar uma panelinha; já de um lado mais institucional, paróquias.

4. mais um mantra: “o homem que está tranquilo com sua solidão é rei do mundo.”

5. alguém perguntou: “o que é melhor que sexo?” ora, quando estou com fome, comer; quando estou com sono, dormir; quando estou concentrado, trabalhar; quando estou artístico, fazer música; quando estou sóbrio, ler.

6. num cartão não muito grande, há a instrução: “escreva aqui todas as palavras que você sabe.”

7. na verdade, anos e anos reclamando de concertos de peças de 8 minutos, percebo que as mostras coletivas de artes plásticas são exatamente o mesmo. como é bom ver uma galeria reservada a apenas uma pessoa/grupo artístico – como a coisa ganha sentido! é como ouvir um álbum inteiro.

8. esses dias lembrei, sem motivo, da frase do silverchair, música slave: “the only book i wrote is how to loose”. e comparei com a do bonde da stronda: “manual da stronda é meu livro de berço, única coisa que eu leio e nunca me esqueço”. na adolescência, marginais vs playboys. gostaria de pensar que o “e” do “e nunca me esqueço” não atrapalha a exclusividade do “único livro que eles lêem”.

9. em 1983, ano em que eu nascia, cronenberg lançava videodrome. outros filmes que eu gosto muito em que a tv figura de modo bizarro são funky forest, do ishii, e ringu, de nakata. nunca li simulacros e simulação de jean baudrillard. uma vez eu e mário tivemos de carregar algumas tvs de tubo para uma performance de azul no centro cultural da juventude, em são paulo. uma delas pesava quase 60 kilos.


postado em 19 de junho de 2016, categoria aforismos, comentários : , , , , , , , , , , , ,