Austin e o pop

Nosso estoque comum de sons compreende todas as distinções que os músicos descobriram que valia a pena esboçar e as conexões que descobriram que valia a pena fazer, durante a vida de muitas gerações: estas são provavelmente mais numerosas, mais consistentes, já que passaram pelo longo teste da seleção do mais belo – e, mais sutil, pelo menos em todas as questões comuns e razoavelmente benfazejas – do que você ou eu estamos propensos a imaginar em nossas poltronas ao cair da tarde.

{Austin, J. L., “A Plea of Excuses” – palavras em itálico apócrifas, mas sem mudar a estrutura do texto}


postado em 7 de outubro de 2016, categoria citações : , ,

hoje como ontem: sempre igual

nesses últimos dois dias tive a oportunidade de assistir a trechos de shows recentes das bandas the who e ac/dc, na tv a cabo na casa de minha mãe e projetado na casa de melina scialom, respectivamente.

não gostei do show do the who. as músicas eram os velhos sucessos, e o the who era o the who, mas velho. por mais que tocassem há pouco, só na aparência estavam empolgados; havia indícios de nostalgia, da sensação de um olhar para trás, ou ainda, segundo a fórmula de zizek, de “olhar o olhar que outrora via”: o palco era grande demais, a voz e os movimentos sem aquele brilho juvenil e sobretudo os timbres não eram os mesmos; os equipamentos não eram os mesmos: a timbragem parecia resultar dantes de uma modernização tecnológica, longe do <som> que levaria a garotada à loucura. a música era a mesma, no que há de notado nela. o espírito não.

já no caso do show do ac/dc, mesmo sem gostar das músicas em si, pude assistir com entusiasmo: gritos roucos e corridinhas de uniforme pela plataforma, suor e vibração. claro que são cinquentões, mas continuam lá, fazendo o mesmo, de modo que, se tocaram músicas como black ice, de 2008, eu nem ao mesmo pude distingui-la das outras. o sempre novo ac/dc, sempre o mesmo.

“i´ll pick up my guitar and play like i did yesterday.”


postado em 25 de março de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

pseudo-fascismo

 

nosso equipo é tão negro nossas botas tão lustrosas / a blitz vermelha à esquerda à direita a estrela negra / nosso grito tão intenso nossa dança tão selvagem / a nova dança demoníaca / todos contra todos

 

 

 

levante balance os quadris bata suas mãos e dance o mussolini / dobre à direita e bata palmas fazendo adolf hitler / dance o adolf hitler / mova sua bunda o seu jumento e bata palmas dance o jesus cristo / dance o mussolini

 


postado em 21 de março de 2012, categoria Uncategorized : , , , , ,

diapositivo: seleta / queen -> queer -> deer: laibach

seria a seleta a cachaça do terceiro reich mineiro? e a partir do poema de lewis carrol, comparem a canção one vision (emi / capitol, 1985), do queen:

com geburt einer nation (mute, 1987), do laibach:

a letra foi apenas traduzida para o alemão (com exceção ao “fried chicken”, que foi omitido). em português:

“eu tive um sonho / quando eu era jovem / um sonho de doce ilusão / um lampejo de esperança e unidade / e visões de uma doce união / mas um vento gélido sopra / e uma chuva negra cai / e no meu coração me mostra / olhe o que fizeram com meus sonhos

então dêem me suas mãos / dêem me seus corações / estou pronto / só há uma direção / um mundo uma nação / sim, uma visão”

 


postado em 20 de julho de 2011, categoria Uncategorized : , , , , , , , , ,

10 amostras que não deveriam ser usadas novamente

curioso artigo, por tom hawking: http://flavorwire.com/186833/10-samples-that-should-never-be-used-again.


postado em 15 de junho de 2011, categoria Uncategorized : ,

o tempo da sua vida

recentemente, (2010) a banda black eyed peas lançou outra “canção de trabalho”, the time (dirty beat/bit), usando o refrão (i’ve had) the time of my life (1987), canção interpretada por  bill medley & jennifer warnes, para o filme dirty dancing.

a releitura tem suas curiosidades. o hedonismo supremo do grupo e sua aceitação de tudo que é “tecnológico e militaresco” são (para mim) uma estetização da idéia de que os estado unidenses devem demonstrar “sintomas da decadência de um império”: esbanjar, gastar despreocupadamente, agir irresponsavelmente, enquanto o “inimigo” se alastra e domina suas terras. é como alguém que diz para si mesmo: é… enquanto estavamos vivendo “a boa vida”, eles estavam perniciosamente agindo.

bom, a utilização apenas do refrão “eu vivi os melhores tempos da minha vida”, partindo para o ambiente de dança de um clube de dança, “onde todos dançam”, elimina justamente o perigo de duas idéias presentes na versão antiga, quais sejam:

1. de que é necessário esforço para atingir a perfeição, de que o caminho é árduo e por isso temos de focar, aprimorar, ir em frente, para conquistar um objetivo.

2. de que existe conjuntamente com esse esforço, uma entrega amorosa, apaixonada, que envolve comprometimento, concentração emocional.

(formas de dança sensuais, …, polainas, ação humana, sendo substítuidas por batidas sensuais, …, representações pixeladas, ação maquínica-digital)

“e eu devo isso tudo a você”. notem como em bep a conotação de par amoroso é obnubilada pela repetição “tecnológica” da palavra “you” (você), remetendo que “os melhores tempos da vida” seriam pura curtição, possível graças à mediação tecnológica, o DJ, os equipamentos de som que animam a pista, as tecno-drogas (anfetaminas), etc…


postado em 3 de abril de 2011, categoria Uncategorized : , , , , , ,

por favor não vá

mike posnerplease don’t go // kc & the sunshine bandplease don’t go // no mercyplease don’t go // double youplease don’t go.

me parece que a prosódia é sempre exatamente a mesma, é então um arquétipo “dance”, tema+melodia+prosódia (podemos evocar qualquer uma a partir de qualquer outra, apesar do som de kc trazer um toque de “primordialidade”, de “original” dos quais as outras seriam simulacros ou covers (double you).

um pouco mais além, uma lista do youtube para a procura de “baby please don’t go”.

teria de analisar como o blues e o dance diferem em relação a essa súplica, mas parece claro que esses exemplos estão mais próximos de um pedido real, mais falado, do que a fantasia do cantor dance, quase um mero charme, um mote para a comoção.

um rap de mesmo nome (se tiverem paciência, notem a repetição no refrão).


postado em 9 de março de 2011, categoria Uncategorized : , , , , ,

ouçam os sinos

acabo de ouvir um rap (“jesus walk”, de kayne west) cuja base é uma releitura do 3º movimento da 1ª sinfonia de mahler (suposta marcha fúnebre), que por sua vez é uma releitura de frère jacques (canção de ninar francesa, várias versões).

segundo a wikipedia sobre a sinfonia do mahler:  ‎”o contraponto não resolvido foi tem sido interpretado como um conflito entre as implicações católicas do tema “frère jacques” e as qualidades judias, ligada ao estilo klezmer, do tema Die zwei blauen Augen, dessa forma aludindo a um conflito social do qual mahler estava bastante cônscio”.

em um site de letras, há o seguinte comentário: ‎”good stuff | Reviewer: BJ | 2/2/11 // This song is amazing, just beucase he does some bad things, that doesnt mean that he is not a christian. Noone is perfect that is why we have Jesus to forgive us for our sins. Great song and great lyrics” … “coisa da boa // essa canção é fantástica, só porque alguem faz algumas cagadas, não significa que não é cristão. ninguém é perfeito e é por isso que nós temos Jesus para perdoar nossos pecados. grande canção e letra”.


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