adeus 2016

em 2016 publicarei, contando essa e a do ano novo 92 postagens, isto é, um tiquinho a mais que uma a cada 4 dias. entre elas, um dos números mágicos ocorreu. os assuntos variaram como sempre; a adição estranha no conjunto: 3 resenhas de animes. de fato, comecei a estudar japonês – um curso online que segue preceitos do linguista stephen krashen. e tenho visto inúmeras séries animadas. é natural que comece a falar delas. mas tento sempre ser curto, porque entendo perfeitamente que o interesse não seja compartilhado. ainda no âmbito “japonês”, pude formular dois provérbios abordando a noção de criatividade e imitação e ainda mais 4, existencialistas, mesclando lovecraft e bataille. ademais, voltei ao aikido: 前受身と後受身.

os provérbios ainda aparecem aqui e ali, separados ou misturados, e às vezes como poesia e na ocasião dos poemas do urso contra o cachorro, em inglês. há comentários váriados, por exemplo: sobre a essência do fogo, a memética, coisas demais para fazer em um mesmo dia e uma proposta para a construção de um museu das traças. o terror aparece ligado a interstício e a exploração de tipos alternativos de sublime; na análise de dois destinos e em uma linha narrativa alternativa para o belo my work is not yet done, do thomas ligotti. às vezes as coisas ficam tão crípticas que eu mesmo tenho dificuldade de lembrar do que queria dizer, como no caso da paródia marxista e do comentário sobre o fato da black friday não ter nada a ver, historicamente, com racismo (um texto confuso).

continuo atrapalhando me com burocracias. desajustando-me no carnaval. relatando os incômodos do transporte público em belo horizonte, chegando até mesmo a comparar certas situações com cenas do madmax. esse ano até em uma briga me meti, recebendo de brinde um soco na cara. meus cachês frequentemente não dão conta do supermercado.

fui despedido e até fevereiro ganho um salário desemprego. a escola oi kabum!, mas deixei de comentar isso, por algum motivo. quanto a preocupações pedagógicas, a incompletude e a escuridão são temas queridos.

um colega morreu. uma colega faleceu. peguei dengue. possivelmente o ponto alto do ano, o dia em que, após cessar febre, estava exausto e sozinho, e pude chorar à tarde inteira. isso foi antes das coceiras horrorosas.

eventualmente publiquei gravações: rufo cansado, passarinhos no bom fim, fungadas e falatório com música, os áudios documentais da mostra de performance vespa f(x^2) inteira, uma manhã de binauralidade, o ciclo de uma máquina de lavar. continuo indicando coisas. álbuns de música, por exemplo, ou prefácios. um dos melhores livros que li foi o senhor das moscas, de william golding.

às vezes cedo aos assuntos em voga. zizek vota em trump, impeachkitsch, sobre votar ou não, e uma tentativa de sincretismo: poke-tinder (go). naturalmente, a política aparece aí, seu cinismo atual, comentários sobre o estado oligárquico, o pato da fiesp e o patriotismo “grande mídia”; mas há também interesses mais estruturais, como os que levaram a tradução do mini-artigo do peter wolfendale: plataformas sócio-cognitivas. traduzi também uma postagem do terence blake sobre feyerabend.

as postagens com preocupações analíticas continuam: datas do natal, posturas quanto ao aborto, deus e seus referentes. prometo ainda mais p e ~p e confusões numéricas no futuro.

o melhor texto que escrevi foi sem dúvida meu artist statement, que tive a coragem inclusive de incluir no meu portfólio (sim, eu fiz um), junto à outra declaração de artista, mais correta, e que consta na plataforma nendu. forneci uma lista de referências e compilei comentários sobre uma palestra que dei no seminário livre do sô(m) sobre arte sem experiência. fiz algo parecido, facilitando o acesso das referências, para o artigo na linda impressa 2 sobre música de ruído e forma. acabei compilando também, uma sequência de capas de álbuns com gatinhos, os clássicos mais populares do mundo. também há uma lista de performances radicais, indicadas por elos nos pontos e vírgulas, com o objetivo de mostrar como minha própria arte é inofensiva.

ao fim, mais um ano se foi, com 82 rascunhos guardados.


postado em 29 de dezembro de 2016, categoria reblog : , , , ,