a chegada

a escrita universal de a chegada é universal no sentido oriental – as ideias estão lá (a pronúncia cabe a cada cultura). mas daí tem-se um problema: ou são necessárias pronúncias, ligadas para nós a palavras, ou silêncio – em todo o caso, o nível de imersão é menor – talvez seja de fato necessário um mar de névoa branca para apreender os poderes do tempo na circularidade da escrita.

há uma ambiguidade do filme em relação a ideia de “pressa” – os militares são ignorantes porque não entendem a necessidade de lentidão, mas o filme mesmo resolve a situação rapidamente. em todo caso, a diplomacia alienígena é exemplar – métodos de garantia de uso e disponibilidade a todos.

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ponto positivo: alienígenas que combinam pele de elefante (memória) e constituição de polvo (inteligência mas hábitos bastante distantes dos nossos).

ponto positivo: nave que a princípio lembra um grande ovo do smetak, mas de pedra escura, mas revela-se metade, quando de perfil.

nem cheira nem fede: trilha sonora de sons bonitos; sons clichês (vide guerra dos mundos recente) de buzina de navio pra tudo quanto é pod.

intromissões: eu gostaria que o foco seletivo exagerado fosse consistente para todas as cenas sem exceção. a primeira coisa que eu pensaria seria acelerar os sons produzidos pelos heptapods (como na fábula da baleia, do homem e do passarinho). falta de exploração sobre polvos não faz falta ao filme mas é estranha do ponto de vista do óbvio.

ponto negativo: familismo. há de existir uma campanha contra roteiristas entuxarem a família como solvente universal ou suco de laranja de qualquer elaboração narrativa.

{the arrival, dir: denis villeneuve, com amy adams e jeremy renner, 2016}


postado em 3 de dezembro de 2016, categoria resenhas : , , , , , , , , , , ,