novembro de 2016

1. um milhão de formigas transportam ovos brancos, do lado de fora do portão de casa até o centro do muro do lado de dentro.

2. quarenta minutos esperando o pompéia no ponto. ah, mas é que o trajeto nos próximos 2 kilômetros mudou, descubro andando de um ponto a outro (obrigado de novo bhtrans) (correção – não mudou tanto, mas aparentemente nesse dia não…).

3. conversa do cobrador com o motorista: o filho lá morto e aí vem a família culpar o motorista, querendo bater nele, falando vou te matar, vê se pode, a audácia. a sorte dele é que lá era amigo do patrão. aí foi aquela porradaria, desceu uns 20. pai, cunhado, mãe, filha tudo apanhou. eu não tenho nada disso de não bater em mulher não, não tenho pena. gente insolente. ser motorista não é fácil não, vê você mesmo.

4. vou ao correio com um pacote, para a alemanha, para concorrer a uma residência, em cima do prazo. o que tem dentro? (tenho de contar minha vida inteira?). mas tem um cd, certo? então a coisa complica (quando o correio colabora com a receita federal, kafka no chinelo). coloca-se um pacote dentro de uma caixa de papelão, e acabo por assinar 12 vezes (isso mesmo, com 2 delas ficando para mim), provavelmente dizendo que se o cd quebrar ou os papéis dentro forem papéis ilegais, a culpa é minha mesmo, mas nunca do sistema de envio. 100 reais depois, e 30 minutos (sério), parece que está tudo certo, exceto – nenhum dos carimbos consegue imprimir a data de envio. a data vai sair, tem mais um carimbo lá dentro que este sim está funcionando, e some.


postado em 30 de novembro de 2016, categoria crônicas : , , , , ,

interstício

1. no conto “a cor que caiu do espaço”, de h.p. lovecraft, há momentos em que o alienígena parece se manifestar como qualidade e não como substância. em um texto sobre o conto, kate marshall reforça essas perplexidades: a percepção dessa adição (do estranho), quando entre a vigília e o sono, mostra algo que não pode ser nem verdadeiro nem falso (pois não-verificável).

2. imaginemos um outro ser espacial, que ocupa os entre-espaços de um objeto, mas de forma miraculosa, no próprio objeto, de forma a se movimentar sincronizando e dessincronizando seus estados de interstício com outras formações corporais. não seria possível falar de hospedeiros. mas haveria uma certa rigidez repentina, um sentimento de estafa, dispnéia, uma tensão a mais.

3. deleuze aponta que, para leibniz, o fundo do espírito é sombrio e exige um corpo. extrapolo aqui: quando as pequenas percepções estão no limiar de sua ampliação, ocorrem relances, percepções vagas, formas de passagem desajustadas. é aí que se alastra o horror da transformação (deformação).

4. meus poros formam labirintos. o oco do meu interior é meu exterior. na cyclonopedia, reza negarestani fala de nemat-spaces – espaços de nematóides.

5. expresso primeiro um mal estar, ânsia, enjôo. em seguida, isso toma corpo:começo a estranhar aqui e ali movimentações suspeitas em mim. finalmente, das minhas narinas caem vermes.

6. penso minha casa, em sua relação com as formigas, mais ou menos assim. as paredes são espaços ocos de comunicação com as forças insurgentes.


postado em 25 de outubro de 2016, categoria comentários : , , , , , , , , , , , , , , , ,

bruxelas, comida

2014-03-03 camembert e

1. ó lojas de queijo – camembert picante e comte 3 anos.

2014-03-13 frietes met fricandel

2. frites avec fricandel et sausse samurai, friterie de la barriere. (um pouco de gordura para o frio)

2014-03-15 laranja

3. comprei uma fruta achando que se tratava de uma laranja vegetal mas a porra era feita de carne.

2014-03-15 croissant

4. croissant brazilian style (mostarda, queijo de cabra e prosciuto crudo).

2014-03-15 açucar

5. não existem formigas na bélgica. taí a prova mineral.

2014-03-14 mostarda

6. eu e matthias koole temos o maior estoque, em brussels, de mostarda tierenteÿn (de gent).


postado em 15 de março de 2014, categoria crônicas, fotografia : , , , , , , , , , , ,