equanimidade 3

os matemáticos não sabem o que é o número (frege).

os economistas não sabem o que é o dinheiro (silveira).

por que esperar que os músicos saibam o que é o musical? eles operam com um monte de elementos: sons, estruturas, figuras, parâmetros, gestos, ações, notações, impulsos, acentos. mas certamente não poderiam saber o que é o musical. lyotard queria dar a esse fundamento um outro nome, um nome de matéria, e chamou de matiz sonoro.


postado em 18 de julho de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , ,

equanimidade 2

dada uma certa atividade, não se deve ter a expectativa de que um ser humano seja mais capaz de lidar com as consequências da sua execução, do que dada qualquer outra atividade. um militar, tanto quanto um músico, lida igualmente mal com as consequências

das ações tomadas em pról da suas atividades. o princípio da equanimidade também abarca 

se um militar, ao perceber-se surpreendido por aviões japoneses em pearl harbor, se expôe ao fogo, sofrendo queimaduras de segundo e terceiro grau em várias partes de seu corpo, tem com isso, sua dose de danos colaterais, blasfemará, com a mesma intensidade ao qual fará um músico que, tendo treinado sua escuta à exaustão, se vê morando em belém, entre dois prédios, dos quais


postado em 6 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

equanimidade 1

não se pode esperar mais competência de um médico do que de um músico, em termos gerais. o ser humano, quando executa qualquer atividade, está propenso a cometer equívocos, e o princípio da equanimidade postula exatamente isso. 

é por isso que acreditar que médicos cometem menos erros que músicos é um engano, embora tal engano não seja fortuito: prezamos por uma vida tranquila; é preciso ter confiança de que as coisas vão dar certo.

se, por exemplo, um médico se distrai, e por sofrer de ambilevidade, esquece que deveria amputar a perna com a fita vermelha, e não o contrário, o paciente irá olhar feio para ele, mas não do mesmo modo que um ouvinte faria para um músico que, ao estragar a mais bela melodia, com um guincho involuntário, logo depois finge que nada aconteceu (no segundo caso, as mãos do ouvinte iriam às orelhas).


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