greve nas universidades federais

já faz mais de dois meses que as universidades federais estão em greve. resolvi aqui ajudar a divulgar a situação. eu diria que até esta, fui contra todas as greves universitárias que presenciei (mesmo as que participei como membro do centro acadêmico do instituto de artes da unicamp, entre 2002-4). eu sempre achei e ainda acho que greve deve ser usada apenas como um mecanismo excepcional, para mudanças estruturais, e que a prática periódica de greves provoca um ciclo vicioso improdutivo.

acontece que nesta greve é colocada a necessidade de mudanças estruturais quanto à carreira de professor: aumento do piso salarial (há universidades que pagam 600 reais de “salário”); diminuição do número de níveis de carreira. há também o pedido de aumento de salário, mas, especialmente nos níveis inferiores da carreira, ela faz muito sentido: os professores ganham em média bem menos do que outros servidores públicos. isso varia bastante, mas na minha cidade, campinas, motoristas, acessores de vereadores e técnicos administrativos (esses sim ganham por vezes mais do que ‘no mercado’) ganham bem. não precisa nem dizer que os políticos ganham uma fortuna.

ou seja, uma oportunidade para realizar um primeiro passo na diminuição da desigualdade social dentro das universidades, entre os professores, e a possibilidade de aumentar o salário daqueles que estão em início de carreira e assim valorizar a educação no brasil: valorizar gente jovem, que está com vontade de produzir, como se diz: ‘sangue novo’. uma contraproposta do governo poderia, por exemplo, ser um teto salarial, um achatamento dos salários para que a maioria dos professores ganhe melhor e a minoria de ‘magnatas’ (é assim que são chamados) não se beneficie.

infelizmente a proposta do governo vai no sentido de diminuir o salário dos níveis mais baixos da carreira, dificultar a subida ladeira acima nos níveis, e fazer com que os professores ingressantes ganhem possivelmente menos durante três anos, sem poder subir de nível nesse período. ou seja, vai no sentido de tentar aumentar a desigualdade social dentro das universidades.

há alguns textos por aí sobre isso, e eu tomei o cuidado de consultar alguns colegas, professores de universidades federais. um bom texto é esse. abaixo um quadro informativo, talvez propositalmente feio para estar no mesmo clima da situação…


postado em 21 de julho de 2012, categoria Uncategorized : , , ,

da caderneta das três mocinhas, 1

19 de janeiro de 2010 os professores ensinaram muito bem as crianças: “os artistas estão à frente de seu tempo”. assim, quando grandes, vão invejar seus pais, dizendo: “o fulano, aquele amigo seu (que morreu pobre, que te pedia dinheiro, que era um maluco), que grande artista! como eu gostaria de desenhar/ escrever/ etc como ele, de conversar com ele, de conhecê-lo.” ou josé marti (apud francisco fabricio diaz):

“a maior porcentagem dos gênios e até dos supergênios descem ao túmulo desconhecidos até de si mesmos.”

[a segunda parte me parece ser algo de cortázar, do “último round”, tomo ii]

27 de janeiro de 2010 meu estômago ou intestino está ruim. devo prosseguir com o exame. à noite, sonho com bichos perseguidos por dois entes malignos, que revelam-se um casal de seres humanos. depois de muito sobre e desce, escada, cozinha. pela escada, das sombras percebo – os humanos são bem maiores – e eis que um rato, um gato, doninha, etc (aqui há um salto, a narrativa é sugada por um buraco de minhoca) – e logo em meu braço sinto um gato, mas agora estou acordado, e ele é negro, sinto seu peso, com certeza está aqui, como entrou em meu quarto? e se agarrou tão firmemente ao meu braço.

*** 

tento tira-lo, minha mão sobre sua cabeça, estou virado para cima, meu braço é o direito, a cabeça, um focinho, seria um cachorro ou gambá, um ser ainda sem nome – e me morde, segura a mordida, meus músculos se contraem – nessa hora estou estupefato, de olhos abertos, minha mão doendo, meu braço tenso, e não há gato, nem ao menos uma almofada ou pelúcia.

01 de fevereiro de 2010 “o fator cagada é um ponto positivo para a divulgação.” “tipo supercine.” ” tipo show do roberto carlos, domingo.”

06 de março de 2010 despejar conteúdo até que meu corpo dê lugar ao vazio e meus desejos sejam suprimidos pelo fazer. . . . bros processa mais uma mulher sonhadora. o conglomerado . . . abriu uma ação judicial, nessa quarta-feira, contra . . . , acusada de manipular os personagens . . . e . . . , durante seus sonhos. (…) desde a instalação do novo sistema midiático e integração com o mundo onírico, corporações vem tentando conter a onda de utilizações indevidas de conteúdos protegidos por direitos autorais, na forma de plágios e recriações. “falta de consciência não é desculpa”, declarou . . . (…) o caso é importante porque pode abrir precedentes para […]

entre 24 de abril e 3 de agosto como você preenche o seu tempo na falta de um estrutura:

– angustia, impaciência, irritação, vergonha alheia

– com falhas / comparações, formas vazias / referências, tristeza

– choro

agosto? transformação das ondas de rádio em imagens: para ver o que está no ar.

31 de maio de 2010 educação bancária, paulo freire. professor acima, enche a cabeça vazia dos alunos de conteúdo. faz depósitos de conhecimento, saca na hora da prova. montar uma arma não quer ter desdobramentos. é um método do fazer sem espaço para o entendimento, a auto-descoberta. norma culta = ensino de lingua estrangeira + individualidade é eficiente, à longo prazo?

agosto hibridismo: recusa da essência. heterogeneidade. interdependência entre si.


postado em 11 de dezembro de 2011, categoria Uncategorized : , , , , , , ,