panelas e pedras

estava com bella e ela muito cansada. eu idem, mas sem perceber tanto [a fadiga veio no dia seguinte]. então, meio choramingando, meio palhaço, digo: “estou cansado de carregar 15 kilos de panelas estragadas para cima e para baixo”. no taxi, ela acha graça, e então lembro da história das pedras, do duas ilhas.

[nesse dia, ela havia tocado embrulho, e eu, o brasil não chega às oitavas (esta foto mostra o estado de algumas das panelas, quando as transportei de curitiba para belo horizonte)].

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era uma vez o final de 2012 e estávamos eu, kandyê medina, júlia salaroli, além de katxerê medina e oscar svanelid, com a filha deles, nenezinha naima, em um aeroporto em belém, pará. íamos ao macapá, amapá. estávamos despaixando as bagagens e kandyê coordenava o processo. de repente, excesso de peso. kandyê discute com o atendente: naima, como ser humano, conta como portador de bagagem. certo, 6 kilos a mais. ainda assim, excesso (exce$$o). kandyê parece desamparada. júlia quer ajudar. kandyê então, protestando, abre a mala e começa a tirar as pedras de dentro, recalculando de tempos em tempos o peso da mesma, na esteira. fala ao atendente, e em seguida distribui pedras para levarmos nas bagagens de mão. seleciona as mais bonitas. empilha na frente do guichê as outras. é um processo demorado, e ouvimos a última chamada. mas garantimos as pedras. vai saber se no macapá tem pedras. as mais bonitas. kandyê parece bem.

 


postado em 9 de outubro de 2015, categoria crônicas : , , , ,

praia: antes… quadros

videodança com kandyê medina e julia salaroli. me inscrevi com ele no festival dança em foco.


postado em 26 de fevereiro de 2013, categoria Uncategorized : , , , , , ,

blogue de duas ilhas


postado em 14 de novembro de 2012, categoria Uncategorized : , , , ,

duas ilhas

1. maya deren, at land (1944).

2. excerto de “causas e razões das ilhas desertas”, de gilles deleuze, trad. de luiz b. l. orlandi. em: a ilha deserta e outros textos: textos e entrevistas (1953-1974). são paulo, iluminuras, 2010.

sonhar ilhas, com angústia ou alegria, pouco importa, é sonhar que se está separando, ou que já se está separado, longe dos continentes, que se está só ou perdido; ou então, é sonhar que se parte de zero, que se recria, que se recomeça. havia ilhas derivadas, mas a ilha é também aquilo em direção ao que se deriva; e havia ilhas originárias, mas a ilha é também a origem, a origem radical e absoluta.

(…) já não é a ilha que se separou do continente, é o homem que, estando sobre a ilha, encontra-se separado do mundo. Já não é a ilha que se cria do fundo da terra através das águas, é o homem que recria o mundo a partir da ilha e sobre as águas. então, por sua conta, o homem retoma um e outro dos movimentos da ilha e o assume sobre uma ilha que, justamente, não tem esse movimento: pode-se derivar em direção a uma ilha original, e criar numa ilha tão-somente derivada.

ela é origem, mas origem segunda. a partir dela tudo recomeça. a ilha é o mínimo necessário para esse recomeço, o material sobrevivente da primeira origem, o núcleo (…) que deve bastar para re-produzir tudo.

 


postado em 23 de setembro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , , , ,