louro

eu nunca entendi muito a função do louro no molho. esses dias, entretanto, comendo um macarrão à bolonhesa, olhei para uma folha e me veio o pensamento, como se o louro dissesse: você pode ir mais devagar.

similarmente, há modos de escrever que ralentam a leitura. wittgenstein fala disso em cultura e valor. de fato, lembro claramente de que se lesse o livro azul com certa pressa, achava que não estava dizendo nada, ao passo que se lesse devagar, ficava encantado com as ideias.

agora, não sei que formas ralentariam a escrita. e se algo que se deve ler devagar deve se escrever devagar. a questão da escrita, quando aparece, é quase sempre acelerar, processo lento que ela é.


postado em 21 de maio de 2015, categoria comentários : , , , , , , , , ,

um pensamento

“quão pequeno é um pensamento necessário para preencher uma vida inteira!

tal como um homem pode passar a sua vida a viajar em torno de um mesmo país e pensar que nada mais há para além dele!

vês tudo numa perspectiva (ou projecção) estranha: o país pelo qual continuas a viajar surpreende-te porque parece enormemente grande; os países que o rodeiam parecem todos pequenas regiões fronteiriças.

se quiseres ir mais fundo não necessitas de viajar para longe; de facto, não precisas de abandonar as tuas cercanias mais imediatas e familiares.”

(wittgenstein, l. cultura e valor. trad. jorge mendes, edições 70, 2000 (1980). pg. 78)

proverb (1985), de steve reich, para três sopranos, dois tenores, dois vibrafones e dois orgãos elétricos. o texto é a versão inglesa para a primeira frase apresentada acima: “how small a thought it takes to fill a whole life!” 


postado em 2 de fevereiro de 2012, categoria Uncategorized : , , , , ,